Por Sidney Dias*
O surgimento do ChatGPT e de outros softwares de Inteligência Artificial (IA) generativa estão provocando reflexões e indagações sobre o futuro de muitas profissões. Em um momento em que se olha com apreensão o impacto que essa tecnologia pode trazer para o setor de seguros e para as mudanças que ocorrerão em profissões como subscritor de riscos, corretor de seguros e analista de sinistros, por exemplo, vale a pena ampliar o olhar e ver o que está ocorrendo, também, em outros segmentos que trabalham intensivamente com dados e informações.
Em artigo publicado no dia 10 de abril, pelo New York Times, o jornalista Steve Lohr aborda o impacto dos últimos avanços da Inteligência Artificial (IA) na profissão de advogado. Ele compara a situação atual com as previsões feitas há mais de 10 anos, quando a advocacia foi considerada com uma das atividades mais expostas ao risco de desaparecimento pelo avanço da tecnologia de IA, o que não se concretizou.
Lohr destaca que, enquanto as ferramentas de software baseadas em IA assumiram algumas das tarefas tediosas do trabalho dos advogados, como revisão e análise de documentos, o emprego no segmento cresceu mais rápido do que a força de trabalho americana como um todo.
O ChatGPT e outras ferramentas semelhantes podem reconhecer e analisar palavras e gerar textos rapidamente. Em seu artigo, Lohr observa que um novo estudo conduzido pela Princeton University concluiu que a indústria mais exposta às novas ferramentas de IA era a dos serviços jurídicos. O jornalista menciona, ainda, um relatório de outra pesquisa, que concluiu que um percentual de 44% do trabalho jurídico poderia ser automatizado.
Na conclusão do seu artigo, o jornalista destaca exemplos de como advogados já estão usando ou experimentando softwares estilo ChatGPT para diversas finalidades, como elaboração de contratos, geração de resumos, esclarecimento de dúvidas e criação de conteúdo.
Na sua visão, a tecnologia mudará a prática da advocacia e alguns empregos serão eliminados, mas também promete tornar os advogados e suas equipes mais produtivos, criando novas funções. Foi o que aconteceu após a introdução de outras tecnologias que alteraram o trabalho, como o computador pessoal e a internet.
O artigo, de alguma forma, deixa a sugestão de que as novas ferramentas de IA chegam para ficar e mudar a forma como os trabalhos são feitos, mas que os profissionais do Direito continuarão a ser necessários.
As análises e considerações feitas pelo jornalista ficam como referência para reflexões sobre o que pode ocorrer na indústria de seguros. Afinal, no relatório da Princenton University mencionado por ele em seu artigo, os serviços jurídicos, juntamente com o seguro e suas diversas atividades, estão entre as cinco indústrias mais expostas aos impactos das novas tecnologias de IA.
* Sidney Dias é diretor da Conhecer Seguros e profissional experiente do mercado de seguros e finanças. Mestre e Doutor em Informática (PUC-Rio) e Administrador (FGV/EAESP). Membro da IEEE/Computer Society, da Association for Computing Machinery – ACM. Corretor de seguros habilitado em todos os ramos.
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