Por Marcelo Farinha
Nos seis primeiros meses de 2021, a arrecadação do segmento de Capitalização superou igual período de 2020 em 8,4%, com receita de R$ 11,6 bilhões. O resultado ameniza os efeitos da pandemia e mostra que o setor começa a dar sinais de retomada. Mas isso não significa a completa superação da crise.
Existem vários obstáculos a serem superados. Entre os desafios, três são fundamentais: a retomada da economia dentro de um percentual que recupere boa parcela das perdas de anos anteriores; o desenvolvimento de novos mercados tendo as plataformas digitais como ferramenta para atingir o público jovem e conectado; e a adequação das empresas à abertura do mercado segurador, prevista para dezembro de 2021, que modifica substancialmente a estrutura do mercado e coloca no horizonte do seguro uma série de perguntas e dúvidas ainda sem resposta.
A crise atual afetou a vida de todos os brasileiros e seus hábitos de consumo em função da necessidade de prevenção e cuidados com a saúde, sobretudo os aspectos inerentes ao distanciamento social. Isso estimulou o home office e fez com que o mercado fizesse uso mais intenso das plataformas digitais acelerando e testando novas formas de interação com os clientes, o que se traduz em mais agilidade e transparência.
No entanto, a atividade econômica ainda se encontra retraída, o desemprego é elevado e a renda média das famílias foi afetada. Mas o setor aprendeu a lidar com a crise mais severa do século e tudo indica que o pior já passou. Em 2021, os produtos de Capitalização completam 92 anos de presença no país, o que mostra a sua grande capacidade de resiliência e, sobretudo, o esforço de todos os envolvidos em sua cadeia de produção de se reinventar e ofertar soluções eficientes e que atendam aos consumidores de forma rápida e eficaz.
Diante de uma sociedade cada vez mais conectada, o mercado de Capitalização vem combinando investimentos em soluções de negócios digitais com responsabilidade social. Este ambiente de negócios faz com que o setor se transforme e, na busca de aprimorar o relacionamento, rejuvenesça sua base de clientes.
Soluções digitais, em diferentes plataformas, garantem mais agilidade e maior abrangência aos processos. Significa que mesmo em cidades sem a presença física de uma instituição é possível adquirir um Título de Capitalização, oferecê-lo como garantia se este for o objetivo, contribuir com causas sociais, ou apenas poder contar com uma reserva de valor com o incentivo de um sorteio que ele pode acompanhar pelas mesmas ferramentas digitais onde adquiriu o título. Ou seja, existe, por conta dos investimentos em tecnologia, total capilaridade e transparência.
O relacionamento digital ganha cada vez mais relevância diante de uma sociedade mais informada, consciente e exigente, que valoriza experiência, agilidade e conveniência. A chegada da geração Z – os nativos digitais, superconectados e que demandam novos modelos de consumo trazem desafios e oportunidades para a capitalização.
De acordo com estudo publicado pelo Think With Google, 85% dos jovens que participaram da pesquisa disseram estar dispostos a doar parte do seu tempo para alguma causa, sendo o meio ambiente uma das maiores preocupações. Esse comportamento revela espaço para a modalidade filantropia premiável, que aproxima interessados em fazer o bem e entidades carentes de recursos.
Outro ponto levantado pelo relatório é que a insegurança com o futuro marca mais a geração Z do que a geração anterior, o que reforça um dos pilares da Capitalização: a importância da educação financeira. De acordo com a pesquisa, esses jovens cresceram sentindo os efeitos da crise econômica global, começaram a trabalhar em um mercado que está se transformando e temem os efeitos das mudanças climáticas. E isso reflete em todo o propósito de vida dessa geração.
O empoderamento desse consumidor vem acompanhado de princípios de ética, responsabilidade, lealdade e transparência nas relações. E para que essa evolução ocorra em um ambiente seguro é preciso esforço coletivo de uma ampla gama de partes interessadas: empresas do setor, consumidores, órgão fiscalizador, além dos desenvolvedores de tecnologia.
* Marcelo Farinha é presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap)
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