
No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é interessante analisarmos com olhar crítico a evolução da participação feminina em diversos setores da economia. No mercado de seguros, as mulheres já são maioria na força de trabalho, mas ainda enfrentam desafios relacionados à remuneração e ao acesso a cargos de liderança.
Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais -RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2023, as mulheres representavam 63,7% do total de 127.393 postos de trabalho no setor de seguros (excluídos os dados do setor de Saúde Suplementar) – um pouco menos de dois terços do total de força de trabalho. Esse percentual é praticamente o mesmo de 2022, quando a participação feminina era de 63,6%.
No entanto, essa presença expressiva não se distribuía de maneira uniforme entre os diferentes segmentos do setor.
Nas seguradoras, empresas de previdência e resseguradoras, a participação feminina era de 55,6% em 2023, uma leve redução em relação aos 56,2% registrados em 2022. Por outro lado, nas corretoras de seguros, as mulheres eram ampla maioria: 70,1% dos postos de trabalho em 2023, um aumento em relação aos 69,6% do ano anterior.
Desigualdade salarial persiste
Apesar da forte presença feminina, a desigualdade salarial ainda é um desafio significativo. Em 2023, a remuneração média das mulheres em seguradoras era de R$ 7.577,09, o que correspondia a apenas 67,2% do que os homens recebiam, em média. Em 2022, esse percentual era ainda menor, 66,4%, evidenciando uma pequena evolução.
Nas corretoras de seguros, o cenário é semelhante: a remuneração média feminina passou de R$ 3.340,24 em 2022 (70,3% da remuneração dos homens) para R$ 3.466,10 em 2023 (70,8%). Embora haja uma tendência de melhora, o ritmo de crescimento é lento, e as mulheres seguem recebendo consideravelmente menos que, em média, seus colegas do sexo masculino recebem.
Mulheres ainda são minoria na liderança
Outro desafio relevante é a baixa presença feminina nos cargos de liderança. Uma análise dos dados do Sistema de Estatísticas da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostra que, em 2024, apenas 17,8% dos 1.140 administradores das entidades supervisionadas eram mulheres. Esse percentual é ligeiramente superior ao de 2023, que foi de 17,3%, mas ainda revela um abismo nas oportunidades para acesso aos cargos do nível de decisão.
Caminhos para a equidade
Diante desse cenário, algumas medidas podem contribuir para reduzir a desigualdade de gênero no setor. Empresas que investem em políticas de equidade salarial, planos de carreira estruturados e programas de mentoria para mulheres têm maior potencial de promover um ambiente mais justo e equilibrado.
O mercado de seguros tem avançado, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que as homens e mulheres tenham oportunidades iguais para ascender nas empresas. A conscientização e a ação concreta das empresas são essenciais para que essa mudança aconteça de forma mais rápida e efetiva.
Fonte: dados obtidos da RAIS/Ministério do Trabalho e Emprego e do Sistema de Estatísticas da Susep (SES).