Fusões e aquisições na América Latina caíram 11% em 2022, aponta pesquisa

Ao analisar a evolução do mercado de fusões e aquisições (identificado pela sigla em inglês M&A), na América Latina, a Aon identificou que a atividade do setor diminuiu consideravelmente no último semestre do ano passado, o que resultou na queda de 11% no número de transações e de 42% no montante empreendido em 2022, em comparação com o ano anterior.

O mercado transacional latino-americano terminou 2022 com 3.452 fusões e aquisições, anunciadas e fechadas, por um valor agregado de 97,907 bilhões de dólares, como mostra o Informe Anual 2022, patrocinado pela Aon, Datasite e TTR Data.

Enquanto o setor de M&A na América Latina registrou crescimento no primeiro semestre em comparação a 2021, na segunda metade do ano teve uma queda acentuada no número e no valor das operações, o que impactou fortemente no resultado do ano. Assim, o total de operações retrocedeu a 1.625, ante 2.224 registradas no mesmo período do ano passado. O resultado do último trimestre de 2022, com 734 operações, foi o menor em quatro anos.

Felipe Junqueira, head of M&A and Transaction Solutions para América Latina na Aon, explica que “apesar de, até certo ponto, em 2022 terem ficado para trás os efeitos mais severos da pandemia, ainda enfrentamos alguns obstáculos, com uma considerável desaceleração no fluxo global de transações de fusões e aquisições – de acordo com dados preliminares do ano fiscal de 2022 – com altas taxas de juros nos principais mercados. No entanto, entendemos que o início de 2023 está sendo um pouco mais movimentado do que os últimos meses de 2022, mostrando uma tendência de melhora”.

De acordo com o estudo, apesar do Brasil liderar a categoria de países mais ativos da região, com 2.387 transações no ano, houve uma queda de 12% no volume de transações, e ainda redução de 49% em capital mobilizado, que atingiu 57,089 bilhões de dólares. Em segundo lugar aparece o México, com 422 transações (alta de 1%) e 16,036 bilhões de dólares em capital investido (uma queda de 17%); em terceiro lugar, o Chile com 314 transações (uma queda de 12%) e 14,723 bilhões de dólares em capital investido (menos 17%); e em quarto lugar está a Colômbia, com 266 transações, e que, junto com o México foi o único país da região a registrar um aumento no número de transações, que neste caso foi de 6%, e 10,061 bilhões de dólares em capital investido (menos 20%).

Por sua vez, na Argentina, as 184 transações registradas representam uma diminuição de 16% e um decréscimo de 70% em valor (4,180 bilhões de dólares); enquanto o Peru registrou 109 transações (queda de 16%) e uma redução de 25% no capital mobilizado (2,572 bilhões de dólares), em comparação com o mesmo período do ano passado.

O especialista da Aon enfatizou a crescente relevância da mitigação de riscos em período de volatilidade política e econômica na região: “o apoio de uma equipe de especialistas dedicados a enfrentar a complexidade que as transações de fusões e aquisições exigem permite que compradores e vendedores otimizem a análise, a gestão e a transferência de riscos, bem como a implementação de medidas que gerem outros tipos de ganhos do ponto de vista das pessoas e de questões relacionadas à propriedade intelectual e cibernética. Estes fatores estão redirecionando e impulsionando o investimento em nosso mercado.

“Por exemplo, durante 2022, a busca por soluções de seguro para a transferência de riscos no processo de negociação e fechamento de vendas de fusões e aquisições aumentou cinco vezes para a Aon na América Latina, ao contrário dos anos anteriores”, afirmou Junqueira.

 

Transação líder em fusões e aquisições

A transação selecionada por este relatório como a mais importante da América Latina em 2022 pertence a uma empresa chilena: Inchcape, sediada em Londres e dedicada a operar concessionárias de veículos, por meio da Inchcape Chile, que se fundiu com a empresa local Derco, em uma operação de 1.536 bilhões de dólares.

 

Tecnologia e Finanças, os setores mais ativos do ano

Em geral, os setores mais ativos em 2022, seguindo a tendência dos últimos anos, foram os de tecnologia e finanças. No entanto, o setor energético, com ênfase nas energias renováveis, seguido do de infraestrutura, tem atraído negócios e gerado valor agregado.

Em relação ao setor energético, Felipe Junqueira explicou que os conflitos geopolíticos provocaram uma reviravolta no cenário macroeconômico global, que gerou impacto no mercado de fusões e aquisições na América Latina, e chamou a atenção para o problema da escassez e dependência de energia, por isso o setor será foco de atenção por muito tempo.

 

Fonte: Aon

 

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