Por Felinto Sernache*
A crise global trouxe uma preocupação generalizada com o futuro, sobretudo financeiro. Se as empresas tiveram que rever seus gastos e segurar custos, não foi diferente para os funcionários. O endividamento, ou mesmo, a insegurança de conseguir arcar com as despesas mensais de uma família, é um dos principais motivos de stress para homens e mulheres. Por isso, é cada vez mais importante que as organizações aprendam a identificar meios de impulsionar e melhorar a vida do colaborador como um todo.
Atualmente, os programas de bem-estar mostram que é possível fazer muito mais do que depositar o salário na data certa para contribuir com a diminuição da vulnerabilidade financeira dos colaboradores. E não estou falando de benefícios que já são velhos conhecidos como a cesta básica de final de ano ou participação nos lucros.
Para começar, de forma resumida, o conceito de bem-estar financeiro se refere à capacidade do trabalhador de administrar adequadamente sua renda. Mas olhando um pouco mais além é preciso entender que isso envolve: o seu rendimento, a sua poupança, as suas dívidas, a sua expectativa de aposentadoria, o seu conhecimento sobre produtos e serviços financeiros, bem como a sua satisfação financeira, a comparação que faz com outros colegas e a cultura financeira da empresa.
Tendo isso como base, as companhias estão buscando soluções para melhorar como os funcionários lidam com o dinheiro. De acordo com uma pesquisa da Willis Towers Watson (WTW) realizada em abril deste ano, 42% das empresas afirmam oferecer aconselhamento financeiro individual sobre aspectos de curto prazo, 39% realizam webinars que instruam sobre diversas questões relacionadas a finanças que os empregados enfrentam e 30% promovem apoio personalizado à decisão financeira para despesas, empréstimos e poupança.
É preciso lembrar muitas empresas de que para melhorar a saúde financeira do trabalhador, é preciso proporcionar uma boa educação nesta área. Oferecer seminários e treinamentos em gestão de dinheiro e cursos de novas tecnologias relacionadas a finanças, é uma boa opção para quem está iniciando um programa com foco em bem-estar corporativo.
Outro ponto é que para conseguir ajudar, as organizações precisam se empenhar para entender a realidade de cada funcionário e o contexto familiar. Há funcionários que vivem uma situação prolongada de desconforto devido a dívidas de longo prazo, mas também existem aqueles que demonstram inquietação por um problema financeiro momentâneo causado por uma situação inesperada, aqueles que expressam preocupação com sua capacidade de lidar com a aposentadoria, e por fim os que estão despreocupados, mas deveriam olhar com mais atenção para o futuro financeiro.
Por isso, algumas empresas possuem algumas ações mais estratégicas. De acordo com a pesquisa, 12% das empresas planejam ainda em 2021 usar dados de RH para monitorar sinais de estresse financeiro por segmento de força de trabalho e pontos centrais de decisão financeira.
O percentual ainda é baixo, mas mostra que de fato há um movimento em direção de programas muito mais direcionados estrategicamente. Além disso 18% querem até 2023 oferecer suporte para a tomada de decisão financeira da família e para melhorar a capacidade de resiliência diante dos problemas financeiros.
Por fim, o envolvimento da empresa na melhoria da saúde financeira de seus colaboradores é fundamental para que ambos obtenham benefícios de longo prazo. A sensação de ser valorizado pela organização por qual se trabalha aumenta a possibilidade de crescimento profissional, além de ampliar o valor do capital humano da companhia.
* Felinto Sernache é líder da área de consultoria e soluções em previdência para a América Latina na Willis Towers Watson
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