Varejistas registram queda de 59% no valor de mercado na Bolsa de Valores em dois anos

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, nos últimos 24 meses, houve perda acumulada de 59,3% no valor de mercado das 23 empresas do varejo com capital aberto negociado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Somente nos últimos 12 meses, o decréscimo foi de 21,4%.

Mesmo com a tendência de desaceleração da inflação nos próximos meses, de queda do nível de desemprego e de valorização do real de cerca de 3% no salário mínimo, segundo o histórico de expectativas registrado pelo Banco Central, a expectativa de crescimento da economia brasileira segue abaixo de 1%, patamar verificado desde maio do ano passado.

Diante da expectativa de flexibilização do aperto monetário somente a partir do terceiro trimestre deste ano, a tendência é que a taxa de juros média no mercado de crédito se mantenha em níveis elevados até o fim de 2023. “Além disso, é importante considerar o elevado grau de comprometimento da renda com dívidas por parte das famílias, o que desestimula uma expansão significativa do consumo”, aponta o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

A última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação, apontou que 29,9% dos seus rendimentos são destinados a essa finalidade. O conjunto de fatores que compõem esse cenário faz com que a CNC revise para baixo a previsão de crescimento das vendas neste ano, de 0,9% para 0,6%.

 

Queda das vendas em fevereiro

O volume de vendas do comércio varejista brasileiro recuou 0,1% no mês de fevereiro, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (25/04) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). À exceção dos ramos de livrarias e papelarias, com aumento de 4,7%, e de farmácias, perfumarias e cosméticos, que tiveram alta de 1,4%, todos os segmentos registraram recuos em fevereiro.

Entre as reduções, os que sofreram mais foram os estabelecimentos de artigos de informática e comunicação, com diminuição de 10,4%, e as lojas de tecidos, vestuário e calçados, que registraram 6,3% a menos de vendas em relação a janeiro. Apesar disso, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o varejo alcançou a sétima alta consecutiva – 1%, sobre fevereiro de 2022.

As vendas do varejo estão apenas 3% acima do período pré-pandemia. O economista da CNC Fabio Bentes analisa que, apesar de um início de ano difícil, os entraves que o setor enfrenta para seu crescimento remontam à deterioração do cenário a partir do esgotamento do ciclo de consumo de bens duráveis em 2021. “De forma ainda mais grave, a tentativa de neutralização das pressões inflacionárias por meio de uma política monetária mais restritiva aplicada no início de 2021 elevou os juros cobrados na ponta de empresas e consumidores, colocando-os em patamares que o setor não via desde agosto de 2017”, aponta Bentes.

 

Fonte: CNC

 

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