Por Beatriz Tomagnini
O mercado brasileiro de seguros vive um momento de transformação profunda. Durante o XVI Seminário de Gestão de Riscos e Seguros — Expo ABGR 2025, realizado nos dias 12 e 13 de agosto, no WTC Events Center, em São Paulo, especialistas do setor foram unânimes: nunca a educação foi tão necessária quanto agora. O motivo? A Lei nº 15.040/2024, que representa o marco legal dos contratos de seguro no Brasil em décadas e a Lei Complementar nº 213/2025.
Durante o segundo dia de evento, uma das palestras contou com a participação do diretor da Conhecer Seguros, Walter Polido; do presidente da FenSeg, Ney Ferraz Dias; e da diretora da ENS, Maria Helena Monteiro; com mediação da diretora secretária da ABGR, Vanessa Mota de Sousa.
Intitulada “Educação: a importância do desenvolvimento profissional e cultural no mercado de seguros”, a palestra trouxe à tona uma realidade incontornável: o setor precisa se reinventar educacionalmente para dar conta das mudanças que estão por vir.
Para os milhares de profissionais que atuam no mercado brasileiro de seguros, essa nova realidade representa um desafio de proporções consideráveis. Seguradoras, corretores, resseguradores e até consumidores precisarão dominar os novos dispositivos legais em um curto espaço de tempo.
Durante a palestra, os especialistas identificaram quatro áreas críticas que demandam atenção imediata. A primeira é a atualização técnica e jurídica. Os profissionais devem compreender profundamente os novos termos legais, especialmente a interpretação favorável ao segurado em situações de ambiguidade contratual e a necessidade de clareza absoluta na descrição de riscos.
A segunda área envolve a integração entre todas as partes do mercado. Seguradoras, resseguradores e corretores precisam estabelecer uma comunicação mais fluida e transparente, evitando falhas que possam resultar em litígios futuros.
A terceira área crítica identificada pelos especialistas é a capacitação contínua. A Lei nº 15.040/2024 abrange temas complexos e inovadores que exigem constante atualização por meio de cursos, palestras e intercâmbio cultural entre profissionais do setor.
De acordo com Polido, a lei chama primeiramente o próprio segurado a aprender, e acrescenta, “nós [os profissionais da área] precisamos nos debruçar e começar a ler, pois não existe pílula de conhecimento.”
Por fim, a quarta área envolve uma mudança fundamental de mindset. Para os especialistas, o setor precisa adotar uma postura mais proativa, focando na prevenção de riscos e na construção de soluções inovadoras através de tecnologia, práticas de governança e cultura organizacional.
Com apenas alguns meses para a entrada em vigor da Lei nº 15.040/2024, o tempo urge. As empresas do setor já começam a estruturar programas de capacitação, parcerias com instituições de ensino e plataformas de educação continuada.
O XVI Seminário de Gestão de Riscos e Seguros representou um chamado à ação para toda a cadeia produtiva do seguro brasileiro. A mensagem ficou clara: quem não investir em educação agora ficará para trás na nova era do mercado de seguros nacional.
“Se você acha a educação cara, experimente a ignorância”, disse Ney Ferraz Dias utilizando como referência a frase de Robert Orben.