Selic a 10,75%: impactos para a economia brasileira e para os consumidores

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 10,75% ao ano. Essa decisão faz parte de uma estratégia para conter a inflação, que tem se mostrado persistente e acima da meta estabelecida pelo governo.

O principal motivo para o aumento da Selic é o cenário inflacionário. De acordo com o comunicado do Banco Central, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e outras medidas de base, têm se mantido acima da meta. Esse movimento é resultado de fatores como o comportamento da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, que aumentam o consumo e, consequentemente, os preços. Além disso, há uma preocupação com o descolamento das expectativas de inflação para 2024 e 2025, que atualmente estão em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente.

O efeito da Selic sobre a Inflação

A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Quando a taxa é elevada, o custo do crédito aumenta, desestimulando o consumo e o investimento. Isso tende a reduzir a procura por bens e serviços, contribuindo para a queda dos preços. Ou seja, um aumento da Selic é uma tentativa de “esfriar” a economia e conter a inflação. No entanto, esse movimento também tem impactos negativos, como a desaceleração da atividade econômica e o aumento do custo de empréstimos.

Para o consumidor comum, o aumento da Selic significa que o crédito ficará mais caro. Taxas de juros para empréstimos, financiamentos e cartões de crédito tendem a subir, tornando mais difícil tomar dinheiro emprestado. Isso afeta diretamente o consumo e pode retardar planos de compras ou investimentos, como a aquisição de um imóvel ou veículo. Já para investidores, a alta da Selic pode ser positiva para quem aplica em renda fixa, como títulos do Tesouro Direto e CDBs, que oferecem rendimentos atrelados à taxa básica de juros.

Cenário Internacional e a Influência no Brasil

O Banco Central também menciona o cenário internacional como um fator que influenciou na decisão de aumentar a Selic. O momento de mudança do ciclo econômico nos Estados Unidos, com pressões nos mercados de trabalho e a postura do Federal Reserve (Fed), cria um ambiente desafiador para países emergentes como o Brasil. Isso porque variações na política monetária dos EUA podem causar impactos nos fluxos de capitais, na taxa de câmbio e, consequentemente, na inflação doméstica.

O comunicado do Banco Central deixa claro que o ritmo dos ajustes futuros na taxa de juros será ditado pelo compromisso de convergência da inflação à meta. Ou seja, a Selic pode continuar subindo se a inflação não mostrar sinais de desaceleração. Por outro lado, se houver uma desaceleração da atividade econômica global ou se os efeitos do aperto monetário forem mais fortes do que o esperado, poderemos ver uma estabilização ou até mesmo uma queda da taxa nos próximos meses.

Nesse cenário, a recomendação para os consumidores é ter cautela com o endividamento, priorizando a quitação de dívidas com juros altos e evitando novos financiamentos, se possível. Já para investidores, o momento pode ser interessante para diversificar a carteira, aproveitando as oportunidades em títulos de renda fixa que oferecem rendimentos mais atrativos com a alta da Selic.

Impactos no Mercado de Seguros

Para o mercado de seguros, a alta da Selic pode ter efeitos diversos. De um lado, o aumento da taxa pode reduzir a demanda por seguros que estejam relacionados a bens financiados, como seguros de automóveis, uma vez que o crédito fica mais caro. Por outro lado, pode haver um impacto positivo na rentabilidade das reservas técnicas das seguradoras, que aplicam parte dos seus recursos em títulos de renda fixa.

 

Fonte: com informações do Banco Central do Brasil

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