Seguro cibernético ganha protagonismo no Brasil diante da escalada dos riscos digitais

Ataques cibernéticos e vazamento de dados já figuram entre os três principais riscos enfrentados pelas empresas na América Latina e despontam como a maior ameaça no horizonte até 2028. Esse avanço acelerado dos riscos digitais tem impulsionado a busca por proteção financeira no mercado segurador, com o seguro cibernético deixando de ser um produto de nicho para ocupar espaço central na estratégia de gestão de riscos das companhias brasileiras.

Dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) mostram que a demanda por esse tipo de cobertura segue em trajetória de crescimento. Entre janeiro e setembro deste ano, a arrecadação superou R$ 173 milhões, alta de 5% em relação ao mesmo período de 2024. As indenizações somaram R$ 28 milhões, patamar semelhante ao do ano anterior, sinalizando um mercado mais maduro, com critérios de subscrição mais refinados e maior sofisticação técnica na gestão dos riscos.

A evolução histórica confirma esse movimento. Considerando os nove primeiros meses de cada ano, o seguro cibernético arrecadou cerca de R$ 70,5 milhões em 2021, avançou para R$ 123,1 milhões em 2022, alcançou R$ 152,9 milhões em 2023, chegou a R$ 165,6 milhões em 2024 e, agora, ultrapassa R$ 170 milhões em 2025. Na comparação entre 2021 e 2025, o crescimento acumulado é de 145%.

Segundo o membro da Subcomissão de Linhas Financeiras da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Victor Perego, esse desempenho reflete uma mudança estrutural no comportamento das empresas. “A proteção contra ataques digitais deixou de ser um diferencial para se tornar parte essencial do planejamento de risco. O mercado brasileiro hoje conta com soluções avançadas, equipes qualificadas e capacidade técnica para acompanhar a sofisticação dos ataques”, afirma. De acordo com ele, as coberturas já são estratégicas para a sustentabilidade operacional de empresas de diferentes portes e setores.

O cenário brasileiro acompanha uma tendência regional de aumento da exposição ao risco. A Pesquisa Global de Gestão de Riscos 2025 da Aon aponta que, na América Latina, ataques cibernéticos e vazamento de dados estão entre os três principais riscos atuais e lideram a lista de ameaças futuras até 2028, à frente de fatores como aumento da concorrência e mudanças climáticas.

Nesse contexto, a interrupção de negócios permanece no topo do ranking de riscos presentes, reforçando o papel do seguro cibernético como ferramenta de proteção financeira diante de incidentes capazes de paralisar operações, afetar cadeias de suprimentos e gerar danos relevantes à reputação corporativa.

No sistema financeiro, a relevância dessa cobertura ganhou novo impulso com a Resolução BCB nº 498/2025, do Banco Central do Brasil, que tornou obrigatória a contratação de seguro de responsabilidade civil e de riscos operacionais, incluindo fraudes e incidentes de segurança cibernética, para prestadores de serviços de tecnologia da informação que atuam no Sistema de Pagamentos Brasileiro.

Para Perego, a exigência chega em um momento de maior preparo do mercado nacional. “Há oferta diversificada, processos mais padronizados, ferramentas de modelagem de risco mais robustas e uma cadeia de resposta a incidentes muito mais integrada. Isso permite atender desde empresas altamente reguladas até aquelas que estão dando os primeiros passos na gestão de riscos digitais”, destaca.

Apesar dos avanços, o relatório da Aon alerta que muitas organizações ainda subestimam o impacto financeiro de um ataque cibernético. Embora o tema esteja entre as principais preocupações dos executivos, poucas empresas conseguem quantificar de forma estruturada sua exposição, o que limita a adoção de estratégias integradas de prevenção, resposta e transferência de risco.

“O seguro cibernético não substitui investimentos em segurança da informação, mas fortalece essa jornada ao oferecer suporte especializado, cobrir custos de investigação, notificação e recuperação de sistemas e proteger o caixa em momentos críticos. Além disso, atua como indutor de boas práticas de governança e planejamento de contingência”, conclui Perego.

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A empresa Conhecer Seguros foi criada por profissionais experientes nas áreas de educação, seguros e finanças que, ao contarem com carreiras consolidadas, resolveram se unir para compartilhar conhecimento técnico com o mercado de seguros brasileiro.

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