S-P-C: Como Open Finance ressignifica essas três letras para o consumidor brasileiro

Por Sérgio Favarin*

 

O Open Finance é um pequeno infante perante o consumidor brasileiro, porém já gera contribuições dignas de um verdadeiro veterano para quem entende do que se trata. Do outro lado do balcão, empresas que antigamente trabalhavam isoladamente por soluções e serviços hoje usam uma versão própria do “dividir para conquistar” na hora de inovar e gerar novos resultados nesta era de pequenas e rápidas revoluções digitais.

A ideia de desburocratizar o acesso a serviços financeiros diversos – padronizando e unificando dados de clientes e consumidores em um único sistema, e colocando o consumidor no protagonismo do que fazer com suas informações – é o cerne do Open Finance, principal engrenagem do que se chama hoje de universo Open, que abrirá espaço para segmentações em áreas como a de Seguros (Open Insurance) e Investimentos (Open Investing), para ficar em apenas duas de uma gama de oportunidades que virão.

Como um entusiasta e participante desta transformação digital em marcha, pude dividir um pouco do que penso a respeito do tema na Febraban Tech 2023, realizado no fim do mês passado em São Paulo (SP). Ao lado de colegas do setor bancário, avaliei como o Open Finance nos abriu, sobretudo nos últimos dois anos, uma estrada de inovações, sempre priorizando a construção da mais eficiente jornada ao cliente.

Sou da premissa que tal caminho de satisfação de todo e qualquer consumidor hoje passe por três pilares, ou pelas suas iniciais S-P-C. E não me refiro aqui ao Serviço de Proteção ao Crédito, que também responde a essa sigla. Falo do simplificar, personalizar e competir. Com a simplificação, hoje você consegue realizar operações financeiras em diversas frentes, muitas vezes em um único aplicativo. Há dez anos isso era possível com tanta rapidez e facilidade?

Com a Big Data que bancos e instituições financeiras trabalham, e com a anuência do cliente por meio de uma regulamentação clara, mais e mais soluções e ofertas personalizadas são entregues aos clientes. Cada vez mais o que eu recebo do meu banco é assertivo e busca atender a um problema ou demanda própria que eu possa ter, baseado no meu histórico e em informações que eu tenha compartilhado por conta própria.

Não menos importante é a competição. O mercado está aberto não só por conta do montante de dados e indicações pessoais de cada indivíduo, mas também pela corrida pelo melhor atendimento, pela melhor proposta. Em suma, o cliente está no controle das decisões, no poder de dizer sim ou não dentro daquilo que acredita. Entretanto, essa linha de raciocínio, que eu adianto que é apenas a “ponta do iceberg” do potencial que o Open Finance nos traz, ainda enfrenta importantes desafios.

O maior deles é o estigma em torno da adesão do cliente a um sistema que é concebido para colocá-lo no centro, como protagonista dentro do todo o arcabouço tecnológico e financeiro. Todavia, mesmo tanta tecnologia nem sempre se faz clara o bastante, o que significa que muitos brasileiros, que sempre foram ensinados a preservar os seus dados e não os abrir para ninguém, ainda resistem. Assim, parece nítida a necessidade de que se explique o grau de benefícios que integrar o Open Finance pode gerar a cada cliente, da contratação de um seguro, um consórcio ou uma simples iniciativa de educação financeira.

Para as empresas, a transformação digital é uma premissa essencial, da cultura interna à arquitetura para se inserir nesta disputa competitiva no ambiente financeiro. Não basta apenas marketing para encorajar e conquistar consumidores. É preciso agir estrategicamente, muitas vezes em parceria. É uma versão repaginada do famoso ditado “dividir para conquistar”, que em política e sociologia significa ganhar o controle de algo ao primeiro fragmentar, impedindo a existência individual e unitária. No Open Finance, significa dividir tarefas dentro da cadeia de inovação e oferta de soluções, conquistando desta forma uma maior fatia do mercado.

Temos hoje uma orquestração sistêmica que nos permite tirar o melhor dos dados e informações, mas a velocidade por vezes cria e mata produtos antes do nascedouro. É a forma que se erra e corrige, e as atuais parcerias em nada se parecem com a época em que as instituições queriam ações end-to-end. Isto ficou no passado, e o ecossistema gera mais valor e mais conquistas aos que compreendem que trabalhar a quatro mãos é melhor do que só a duas.

O que o conceito Open já fez na fase Banking (e tem muito ainda por vir) eu tenho muita expectativa para ver em outros segmentos, como o de Seguros (o Open Insurance vive os seus estágios finais de implementação no Brasil) e o de Investimentos (com o Open Investment a possibilidade de compartilhamento de carteira/análises em busca de melhores ofertas e uma maior transparência em taxas/serviços), o Open Saúde, Open Telecom, Open Energy, etc.

É difícil mensurar um futuro que ainda é somente teórico, porém está claro que aqueles que empoderarem os seus clientes com as melhores ofertas estarão na dianteira. É a hiperpersonalização colocando a sua marca na vida dos negócios, independente do segmento. Que venha o Open Everything!

 

* Sérgio Favarin é VP of Capital Markets & Financial Services da GFT Technologies no Brasil, tendo atuado diretamente junto a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Banco Central nas duas primeiras fases do projeto de Open Banking.

 

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