Por que o brasileiro insiste em andar com um bem de milhares de reais sem proteção?

Por Adriano Jesus*

 

O brasileiro leva o celular no bolso, na mão, na bolsa, para a praia, metrô, academia ou restaurante. É nosso banco, nosso trabalho, nosso GPS, nosso álbum de fotos, nossa ligação com o mundo. Ainda assim, a esmagadora maioria anda com esse bem que pode custar mais de R$ 10 mil sem qualquer tipo de proteção.

Os números evidenciam o tamanho do problema. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), existem cerca de 265 milhões de celulares ativos no Brasil. No entanto, apenas 10 milhões possuem algum tipo de seguro, de acordo com a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

A pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, de junho de 2025, revela que apenas 15% dos brasileiros possuem seguro contra roubo ou furto de celular, e apenas 21% cadastraram seus aparelhos no programa Celular Seguro do Governo Federal.

Portanto, mais de 250 milhões de aparelhos e seus respectivos donos estão expostos a furtos e roubos, sem falar em quedas, trincas de tela e acidentes comuns como derrubar o telefone na água ou no chão. Em um país com altos índices de criminalidade, é como deixar a porta de casa aberta e dormir tranquilo.

O mercado oferece soluções que vão muito além da proteção contra roubo. Hoje, é possível contratar coberturas para furtos simples, danos acidentais, quebras de tela, queda na piscina, problemas elétricos e até indenizações para transações digitais indevidas, como no caso do Pix, após um sinistro. A pesquisa ainda mostra que 16% dos brasileiros que já tiveram o celular roubado ou furtado viram os bandidos acessarem suas contas bancárias e roubarem seu dinheiro.

Algumas seguradoras chegam a resolver a indenização em poucos minutos, com o auxílio de inteligência artificial e logística descentralizada para reparos. A tecnologia e a agilidade já estão disponíveis, o que prova que o desafio não está na oferta.

O verdadeiro obstáculo é a mentalidade do consumidor. O seguro de celular ainda é visto como um gasto supérfluo, quando deveria ser tão básico quanto o cinto de segurança no carro ou o cadeado na bicicleta. A pesquisa revela que o problema é mais grave nas classes D e E, onde 38% já sofreram roubo ou furto de celular, contra 30% nas classes A e B.

Enquanto as classes mais altas têm maior capacidade de reposição, as mais vulneráveis enfrentam perdas financeiras e de acesso a serviços essenciais. Parte da resistência vem da falta de conscientização sobre a importância do produto, e a outra, da forma como ele é apresentado. É responsabilidade de empresas, varejistas e fabricantes a oferta de opções simples, transparentes e acessíveis, capazes de mostrar com clareza o custo-benefício da proteção.

Enquanto a contratação do seguro não se tornar um hábito, seguiremos desperdiçando um potencial bilionário para o setor e expondo milhões de pessoas a perdas evitáveis. O dia em que o brasileiro perceber que proteger o celular é proteger a si mesmo de prejuízos financeiros e de uma dor de cabeça imensa, o cenário mudará. Até lá, milhões de reais continuarão circulando nos bolsos sem qualquer segurança. Os criminosos agradecem.

 

* Adriano Jesus é head de Digital e Marketing da Pitzi

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