Pequenos negócios: como navegar durante a tempestade

Por Odivan Carlos Cargnin*

 

Desde o início de 2023, não faltam notícias que assustam os empresários, em especial os pequenos. Juros a 13,75% ao ano que, somado ao spreed (margem de lucro do banco) facilmente supera os 20% ao ano, custos aumentando, crise nas empresas do varejo, bancos quebrando lá fora, demanda caindo. Dá um frio na barriga. Imagino quantos empresários estão perdendo noites de sono, preocupados com o futuro da sua empresa.

O cenário que estamos metidos de fato não é para amadores. Além das condições macroeconômicas adversas, ainda temos o crescente aumento de concorrentes. É para testar a inteligência emocional de qualquer um.

Mas essa é a vida do empresário brasileiro. Não tem trégua. É assim que o Brasil funciona e já sabemos que reclamar não vai resolver nada. A saída é esfriar a cabeça e pensar em estratégias para superar essa tempestade. Também sabemos que momentos ruins não duram para sempre, assim como os momentos bons. É preciso chegar na praia vivo para poder aproveitar o próximo ciclo de prosperidade.

Neste sentido é que algumas ações já testadas em crises anteriores podem ser novamente implementadas, a fim de garantir a navegação em segurança, enquanto a tempestade passa. Aqui vão algumas lições, que todo empresário deveria estar atento.

 

1) Cash is king (o caixa é rei): a pior coisa que existe para um empresário é ficar sem liquidez, popularmente falando, ficar sem dinheiro. Neste momento não existe solução boa. Todas são ruins. Os bancos cobram caríssimo para renegociar dívidas e novas dívidas para capital de giro tem custo exorbitante. Uma empresa sem caixa entra em um ciclo vicioso de destruição rápida de riqueza. Portanto, proteja o caixa, a qualquer custo. E se você não tem um colchão de caixa para esses momentos (a reserva de emergência) lembre-se de fazer quando a tempestade passar. Em breve virá outra tempestade e você vai estar mais preparado. Mas agora, sente em cima do caixa e proteja cada centavo. Renegocie prazos, parcele compromissos existentes. Sempre com muita transparência e sinceridade. Os credores entendem e valorizam posturas éticas.

 

2) Controle dos custos e das despesas: aqui é super importante um olhar criterioso. Os custos e despesas que podem ser adiados devem ser deixados para depois. Revise os contratos, geralmente é possível reduzir o escopo e renegociar valores. Mas muito cuidado para não fazer aquela economia burra, que no final do dia não melhora o caixa de forma significativa e impacta fortemente o negócio. Especialmente quando falamos em custos relacionados a pessoas. Temos que economizar, mas precisamos dos times focados e motivados mais do que nunca. Então, cuidado para não dar um tiro no pé. As pessoas são parte da solução. Uma dica importante é buscar ganhos de eficiência dentro da empresa que você ainda não se atentou. Pode ser via revisão de processos internos ou da adoção de novas tecnologias. Hoje em dia existem muitas tecnologias disponíveis que ajudam as empresas a reduzir custos e ganhar eficiência. A contabilidade digital da Razonet, por exemplo, é muito mais barata e eficiente que a contabilidade tradicional. Possui planos de baixo custo e auxilia o pequeno empreendedor nessa jornada. Desafie as pessoas a buscar estas soluções. Como diz o ditado: “nunca desperdice uma crise”. Ela é útil para isso.

 

3) Investimentos: as empresas organizadas, que têm caixa, fazem investimentos justamente nesse momento mais conturbado. Elas conseguem acessar capital a custos melhores, pois os bancos ficam seletivos e direcionam os empréstimos para as melhores empresas. Também contratam fornecedores mais baratos, pois as empresas estão com menor demanda. Se esse não for seu caso, o recomendável é segurar todo investimento. A menos que o investimento tenha uma taxa de retorno (TIR) muito acima do custo do dinheiro – ou seja, deve ter uma TIR acima de 30% aa e com risco de execução muito baixo, não vá adiante. No caso de o dinheiro da empresa estar curto, então nem pensar em investir, mesmo nos casos de TIR elevada. Essa TIR pode ir embora se a empresa for pega no contrapé e ficar sem dinheiro no meio do caminho.

 

4) Reestruturação financeira: importante ter um fluxo de caixa bem feito para um horizonte de, no mínimo, 5 anos. Esse fluxo deve conter a geração de caixa operacional e os compromissos financeiros. É possível que você identifique a necessidade de refinanciamento (ter que tomar dívida) neste ano ou no ano que vem. Quanto antes você souber disso, muito melhor para buscar as alternativas, com tempo. Se deixar para a hora da necessidade, vai ter que pagar muito mais caro. Importante verificar o custo das dívidas atuais e analisar se não existem alternativas mais baratas no mercado. O fluxo de caixa é a principal arma do empreendedor. Não deixe de usá-la ao máximo.

 

Como dito, lembre-se que a tempestade passa e logo o mar estará mais tranquilo para navegar. Mas lembre-se também que o mar brasileiro é sempre revolto. Então, é preciso estar permanentemente preparado para a crise, pois ela certamente virá. Lembre-se disso na próxima vez que o mar estiver calmo. E, nesse barulho todo, as oportunidades sempre aparecem. E é aí que o empreendedor faz a diferença. Bora virar o jogo e fazer negócios!

 

* Odivan Carlos Cargnin é sócio-fundador da Razonet Contabilidade Digital

 

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