As empresas brasileiras levantaram R$ 66 bilhões no mercado de capitais ao longo do primeiro trimestre de 2023. O resultado representa recuo de 38,2% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado.
Mais da metade do volume (61%) já é proveniente de operações realizadas de acordo com a Resolução CVM 160, a nova norma de ofertas públicas (o restante do valor reflete operações iniciadas em 2022, seguindo as regras vigentes até então, e encerradas neste ano).
“O primeiro trimestre deste ano foi marcado por muita volatilidade e alta dos juros, o que se refletiu em um menor movimento do mercado de capitais em geral, tanto na renda fixa, mas, principalmente, na renda variável”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), José Eduardo Laloni.
A maior parte dos instrumentos apresentou queda de volume na comparação às emissões realizadas entre janeiro e março de 2022. As exceções foram os produtos híbridos entre renda fixa e variável: os Fiagros saltaram de R$ 1,9 bilhão no primeiro trimestre do ano passado para R$ 2,8 bilhões (alta de 46,8%), enquanto os fundos imobiliários avançaram 36%, de R$ 2,6 bilhões para R$ 3,5 bilhões.
Entre os instrumentos de renda fixa, as debêntures tiveram queda de 34,5% em relação ao início de 2022. Ainda assim, o resultado deste ano, de R$ 36,6 bilhões, é o terceiro maior da nossa série histórica (iniciada em 2012) para um primeiro trimestre. As empresas do setor de energia elétrica lideraram as emissões de debêntures no período, com R$ 15 bilhões.
No mercado secundário, as negociações de debêntures avançaram 40% na comparação de um trimestre ao outro. O volume transacionado nesse ambiente também cresceu 33,9%. “Esse é um indicador da maturidade do mercado local. Com a liquidez no secundário, as empresas têm mais segurança em fazer suas emissões, já que em momentos de volatilidade há possibilidade de negociação do papel”, afirma o presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais, Guilherme Maranhão.
Considerando os demais instrumentos de renda fixa, as ofertas de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) se mantiveram estáveis em relação ao primeiro trimestre de 2022. Já entre os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e as notas comerciais, houve quedas de 21,1% (para R$ 5,4 bilhões) e de 65,5% (para R$ 3,3 bilhões), respectivamente.
Na renda variável, um follow-on (oferta subsequente de ações) foi realizado em 2023, movimentando R$ 3,3 bilhões. No mesmo período de 2022, foram oito follow-ons somando R$ 11,3 bilhões.
Após oito meses sem operações de renda fixa de empresas brasileiras no mercado externo, uma oferta de bond foi realizada no primeiro trimestre de 2023, movimentando US$ 1 bilhão.
Fonte: ANBIMA
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