Por Leonardo Freitas*
Nos últimos três anos, o mercado segurador brasileiro tem registrado crescimento acima de 10%, de acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). A expectativa é que esse movimento de crescimento se mantenha durante o ano de 2024, impulsionado pelos avanços tecnológicos, mudanças regulatórias e a crescente demanda por serviços personalizados. Ao longo destes anos, o que já podemos perceber é que cada vez mais o setor segurador vem passando por um processo de superação e transformações intensas.
A transformação digital em curso traz oportunidades e desafios para as seguradoras. A incorporação de tecnologias como inteligência artificial, análise de big data e blockchain visam aprimorar a eficiência operacional e proporcionar uma experiência mais satisfatória aos clientes. No entanto, essa transição não é isenta de obstáculos, especialmente no que diz respeito à segurança cibernética, um aspecto crucial em um ambiente cada vez mais digitalizado.
Há 10 anos, por exemplo, o mercado segurador enfrentava um cenário diferente em termos de tecnologia se comparado aos dias atuais. Os processos ainda dependiam bastante de métodos tradicionais, como papéis, arquivos físicos e comunicação por telefone. A subscrição de seguros era, muitas vezes, mais demorada e dependente de análises manuais, o que poderia resultar em atrasos e erros.
Além disso, o acesso aos dados e informações relevantes para a avaliação de riscos e precificação também era mais restrito, o que limitava a capacidade das seguradoras em oferecer produtos mais personalizados e ajustados às necessidades dos clientes. A interação com os clientes também era predominantemente offline, com menos canais de comunicação disponíveis e menos automação nos processos de atendimento ao cliente.
Hoje, as principais empresas do mercado têm investido em robotização e automação de processos, além de utilizar intensivamente dados em tempo real. Outras iniciativas incluem o uso de análise de dados para insights de negócios e desenvolvimento de produtos, bem como a aplicação de Inteligência Artificial e Machine Learning para aprimorar a qualidade dos atendimentos, a determinação de perfis de comportamento e a análise de riscos.
De acordo com a pesquisa Global Tech Report, realizada pela KPMG, a maioria (64%) dos executivos brasileiros entrevistados pretende direcionar esforços e investimentos em tecnologia para incrementar a experiência do consumidor ao longo dos próximos anos.
Em linha com essa nova realidade, o que vemos hoje no mercado brasileiro de seguros é o cenário atual altamente competitivo, com 131 seguradoras operando no país. Há uma ampliação da gama de produtos que atendam às demandas mais diversas da sociedade. Um exemplo disso é o crescimento de 9% registrado em 2023, com o mercado superando a marca dos R$ 380 bilhões arrecadados, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
Além disso, as mudanças regulatórias frequentes representam um desafio adicional para as seguradoras, que devem se adequar rapidamente às normas vigentes. Esse cenário competitivo e regulatório exige diferenciação por parte das seguradoras para gerarem negócios.
Contudo, essa modernização também abre um leque de oportunidades, com a possibilidade de personalização de produtos e serviços, aliada à expansão do mercado para áreas como saúde, vida e cibersegurança, oferecendo um campo fértil para o crescimento para os negócios. Além disso, a inovação em canais de distribuição, como plataformas online e aplicativos móveis, permite o alcance de um público mais amplo e diversificado.
Outra oportunidade reside na oferta de soluções de gestão de riscos em um cenário de crescente volatilidade e incerteza nos mercados globais. Seguradoras que investem em consultoria especializada e análise de dados para ajudar seus clientes a gerenciar riscos têm a chance de se destacar no mercado.
No fim, a modernização do mercado segurador brasileiro representa tanto desafios quanto oportunidades para as seguradoras. Aquelas que conseguirem se adaptar, investir em inovação e oferecer soluções personalizadas estarão no caminho para prosperar nos próximos anos.
* Leonardo Freitas é diretor Comercial da Bradesco Seguros
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