O mercado global de Fusões e Aquisições (M&A) permaneceu resiliente em 2022, um ano de incerteza sem precedentes. De acordo com o último relatório de Fusões e Aquisições da WTW, os compradores superaram o mercado mais amplo no terceiro trimestre do ano, com base no desempenho do preço das ações nas transações fechadas.
No entanto, o volume negociado diminuiu consideravelmente em comparação com o ritmo recorde do ano passado. Múltiplos fatores pesaram nas Fusões e Aquisições em 2022, como instabilidade geopolítica, aumento da inflação, aumento das taxas de juros e medo de uma recessão global (que continuará neste ano). Essa atual conjuntura se torna difícil para os compradores, especialmente aqueles que se aventuram além de suas fronteiras, para prever a confiança na lucratividade de possíveis alvos.
“Um número sem precedentes de forças disruptivas criou ventos contrários para os negociadores, mas também trouxe algumas oportunidades”, diz a diretora de consultoria corporativa de fusões e aquisições da WTW no Reino Unido, Jana Mercereau.
“Os fundamentos que impulsionam as negociações permanecem em vigor e, com as avaliações moderadas após níveis recordes alcançados em 2021, compradores estratégicos e financeiros aproveitarão oportunidades de crescimento com preços melhores”, acrescentou.
“Em 2022, a instabilidade política e o baixo crescimento das economias da região resultaram em uma queda entre 10% e 15% no número de transações e uma queda de 40% no valor em relação ao mesmo período de 2021. No entanto, a América Latina continua gerando interesse entre os investidores, especialmente em áreas como infraestrutura, energia e alimentação”, afirma o líder de M&A da WTW para a América Latina, Alberto Mondelli.
Tendências em Fusões e Aquisições:
1. Retorno do “efeito batom”
Os compradores se concentrarão cada vez mais em negócios menores, pois os temores da recessão desencadeiam um “efeito batom”, o que significa que as recessões econômicas causam aumento nos gastos com produtos menores e mais acessíveis, em vez de produtos caros.
Pela primeira vez, em mais de três anos, nenhum mega negócio (avaliado em mais de US$ 10 milhões) foi fechado durante o terceiro trimestre de 2022, e grandes negócios (avaliados em mais de US$ 1 milhão) diminuíram significativamente em comparação com o mesmo período de 2021 (49 vs. 67), de acordo com o “Monitor trimestral de desempenho de acordos”, da WTW, realizado em associação com o Centro de Pesquisa de Fusões e Aquisições da Bayes Business School de Londres.
A pesquisa de M&A acompanha o número de negócios concluídos acima de US$ 100 milhões e o desempenho do preço das ações da empresa adquirente em relação ao MSCI World Index, que é usado como padrão, a menos que especificado de outra forma.
2. Oportunidades em tempos de crise
O difícil ambiente operacional alimentará um aumento no número de empresas que se desfazem de ativos não essenciais na busca pela criação de valor de longo prazo.
Alguns negócios serão estratégicos – as empresas de energia continuarão a alienar ativos intensivos em carbono – enquanto a atual incerteza econômica forçará outras empresas a vender ativos, os setores de varejo e lazer costumam ter maior alavancagem operacional. Isso pode criar oportunidades para os compradores expandirem linhas de produtos, serviços ou cadeias de suprimentos a um preço reduzido.
3. Fusões e aquisições tecnológicas
A necessidade de velocidade na transformação digital em todos os setores, acelerada por uma era de volatilidade, manterá o comércio na frente e no centro, com uma onda de aquisições nos mercados de inteligência artificial e machine learning para 2023.
Seja adotando novas tecnologias e talentos, ou alcançar novos mercados, fusões e aquisições continuam sendo o caminho mais rápido para as empresas se transformarem para permanecerem relevantes e resilientes no mundo em constante mudança de hoje.
4. Impacto geopolítico
Afetadas por várias interrupções na cadeia de suprimentos durante a pandemia que continuará em 2023, as empresas recorrerão às operações de M&A para reforçar sua resiliência operacional.
As vulnerabilidades que continuam gerando um fluxo de operações em dificuldades nos setores mais afetados também serão um catalisador para que as empresas reinventem suas próprias redes de supply chain. Ao localizar fornecedores mais próximos do ponto de produção, as empresas buscarão obter maior segurança e resiliência.
A atividade de fusões e aquisições transfronteiriças diminuiu em 2022, refletindo a instabilidade econômica e geopolítica no cenário global. A busca por estabilidade e previsibilidade provavelmente levará a mais negócios entre parceiros confiáveis, sinalizando uma mudança para transações mais seletivas de “friend-shoring” em 2023.
5. Foco em ESG
Os fatores ESG (ambientais, sociais e de governança) na negociação continuarão ocupando o centro do palco em 2023. Com um número crescente de investidores vendo o ESG como um fator crítico de sucesso financeiro, as empresas enfrentarão um crescente escrutínio e pressão por transparência sobre o risco climático, justiça social, sustentabilidade e governança corporativa. A “due diligence” verde está, sem dúvida, em ascensão.
Para Mercereau: “à medida que avançamos para 2023, a incerteza econômica continuará definindo e desafiando a atividade de fusões e aquisições, mas também haverá oportunidades. A mesma volatilidade apresentará seu próprio ímpeto para negociação, pois os compradores estratégicos buscam capitalizar negociações com preços reduzidos para combater os desafios atuais do mercado e realizar um crescimento transformador”.
Fonte: WTW
Cursos relacionados da Conhecer Seguros:
>> Instrumental para Análise de Cenários Econômicos
>> Fundos de Investimento – Um Curso Completo
>> Curso Preparatório para Certificação de Agente Autônomo de Investimento (AAI)