Em sua quinta edição, o relatório Sigma “Restoring resilience: The need to reload shock absorption capacity”, realizado pelo Swiss Re Institute, constata que fechar as lacunas de proteção global para catástrofes naturais, agrícolas, seguros de mortalidade e saúde exigiria US$ 1,8 trilhão em prêmios de seguro anualmente.
Apesar da falta de proteção em nível recorde, o relatório mostra que a capacidade da sociedade de absorver choques financeiros inesperados melhorou nos últimos 10 anos, com 57% dos riscos globais relacionados a catástrofes naturais, culturas, mortalidade e saúde, agora cobertos por seguro. Isso representa um aumento de três pontos percentuais desde 2012. No Brasil, por exemplo, o Índice de Resiliência em Mortalidade, estimado em 57% em 2022, aumentou mais de 20% desde 2012.
O relatório deste ano introduz um novo indicador de resiliência para a segurança alimentar: o grau de subseguro na produção agrícola mundial. De acordo com essa medida, 60% da produção agrícola no mundo está sem seguro, com a maior lacuna de proteção ocorrendo na Ásia emergente. Fechar a lacuna no seguro agrícola exigiria US$ 113 bilhões em prêmios de seguro por ano.
Para Jerome Haegeli, Group Chief Economist da Swiss Re, são observadas mudanças estruturais nas políticas econômicas em todo o mundo à medida que os governos responderam a guerras, pandemia e aumento da inflação. “Apesar da incerteza e volatilidade, o mundo está mais resiliente hoje, e o seguro desempenha um papel mais forte do que há uma década. No entanto, a resiliência ainda está 15% mais fraca do que antes da Crise Financeira Global, e o risco é elevado. O processo de ajuste monetário para controlar a inflação expõe a estabilidade financeira e os riscos de recessão, enquanto a inflação persistente aumenta a necessidade de apoio fiscal para compensar a erosão do poder de compra das famílias. Não esperamos grande melhoria na resiliência macroeconômica em 2023”, afirma Haegeli.
Os ganhos globais em resiliência são causados por um número limitado de economias, sugerindo que é necessário um esforço mais amplo e inclusivo para melhorar a proteção agrícola. A China foi de longe a principal contribuinte para as melhorias, com seu Índice de Resiliência aumentando em 24% entre 2016 e 2022, impulsionado por fortes avanços na penetração do seguro. O Brasil também apresentou ganhos significativos na resiliência da agricultura com índice de 31,7%.
Jerome Haegeli diz ainda que “o seguro ajuda as pessoas a absorverem choques financeiros quando ocorrem. No entanto, construir resiliência também requer investimentos em medidas de adaptação e mitigação para reduzir perdas em primeiro lugar. Mais investimentos são necessários nessa área. Por exemplo, o desenvolvimento de títulos de resiliência pode atrair novas fontes de capital, ao mesmo tempo em que traz benefícios econômicos”, conclui.
Além da nova medida de resiliência agrícola, o relatório fornece atualizações de 2022 sobre a resiliência econômica global geral, seguro saúde, mortalidade e catástrofes naturais.
Principais conclusões
>> A resiliência global geral melhorou nos últimos 10 anos, principalmente devido aos avanços na resiliência das colheitas, catástrofes naturais e saúde, para os quais a proteção disponível está aumentando mais rapidamente do que a necessidade total de proteção.
>> Aproximadamente 43% dos riscos globais estavam desprotegidos por ativos como seguros em 2022, uma melhora em relação aos 46% de uma década atrás.
>> A lacuna global de proteção está aumentando, atingindo um recorde histórico estimado de USD 1,8 trilhão em prêmios equivalentes em 2022, muito acima de US$ 1,5 trilhão equivalente em prêmios comparáveis em 2018.
>> A resiliência geral da saúde melhorou em 2022, com 78,3% das necessidades de proteção cobertas por seguros, um aumento em relação a 77,5% em 2021. A mudança foi impulsionada pelos mercados emergentes asiáticos, onde os padrões de saúde melhoraram nos últimos cinco anos. A lacuna de proteção de saúde restante é de US$ 889 bilhões em prêmios equivalentes.
>> A lacuna de proteção para mortalidade, em termos de seguro necessário para cobrir totalmente as necessidades financeiras das famílias quando o provedor principal falece, aumentou ligeiramente em 2022 para 43,4%. Isso equivale a um recorde histórico de US$ 406 bilhões em prêmios equivalentes. Esse aumento foi impulsionado pela inflação, aumento dos salários e mercados financeiros mais fracos.
>> A resiliência de catástrofes naturais permaneceu baixa em 2022, com 76% das exposições globais desprotegidas. Seriam necessários mais US$ 368 bilhões em prêmios de seguro futuros para cobrir essa lacuna.
>> As estratégias para fortalecer a resiliência incluem investir na prevenção de perdas e expandir a cobertura de seguros.
>> Os mercados emergentes exigem um investimento estimado de US$ 100 bilhões por ano nesta década em infraestrutura resiliente, imóveis e agricultura para se adaptarem às catástrofes naturais.
>> Títulos de resiliência e outros instrumentos financeiros inovadores podem apoiar investimentos em infraestrutura, propriedades e resiliência agrícola. Tais investimentos proativos podem gerar índices significativos de custo-benefício variando de 2:1 a 10:1.
>> Quando a prevenção de perdas atinge seu limite, a transferência de risco entra em jogo, com uma maior adesão ao seguro exigindo uma colaboração mais próxima entre o setor público e privado para facilitar incentivos e a segurabilidade de riscos difíceis de segurar.
O Índice de Resiliência avalia quanto asas sociedades estão preparadas para absorver choques. Inclui dois medidores para identificar riscos. O Índice de Resiliência Macroeconômica, desenvolvido em conjunto com a London School of Economics, que apresenta um quadro global com dez indicadores, incluindo fiscal e monetário, espaço político, penetração de seguros e desigualdade de renda. Um segundo conjunto de índices avalia como o seguro ajuda indivíduos, famílias e organizações a resistirem a cenários de choque em áreas de catástrofes, safras, mortalidade e gastos com saúde.
Fonte: Grupo Swiss Re
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