As projeções econômicas fecharam 2025 com sinalizações de desaceleração inflacionária, estabilidade nas expectativas e ajustes pontuais no câmbio e no setor externo, conforme análise publicada no Acompanhamento das Expectativas Econômicas da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), do dia 29 de dezembro, com base nos dados mais recentes do Relatório Focus, o último do ano.
O IPCA 15 registrou alta de 0,25% em dezembro, ligeiramente acima do resultado de novembro, encerrando o ano com inflação acumulada de 4,41%, abaixo do observado em 2024. O desempenho confirma a trajetória de desinflação ao longo de 2025, ainda que o índice mensal siga sujeito a pressões sazonais. No último mês do ano, o grupo Transportes foi o principal fator de alta, influenciado por reajustes em passagens aéreas e transporte por aplicativo, enquanto a alimentação no domicílio voltou a recuar, acumulando sete meses consecutivos de queda e contribuindo para conter pressões vindas de serviços.
A análise do índice ao longo de 2025 indica mudança relevante no perfil inflacionário. O grupo Habitação apresentou a maior variação e impacto no ano, com destaque para a energia elétrica residencial, afetada por reajustes tarifários e acionamento de bandeiras. Alimentação e bebidas figurou como o segundo maior fator de pressão, impulsionado pelo consumo fora do domicílio e por itens específicos, como o café, ao passo que alimentos básicos registraram quedas expressivas. O movimento reforça a leitura de inflação menos disseminada, concentrada em componentes administrados e de serviços.
As expectativas de inflação seguiram em trajetória de recuo. A mediana do IPCA para 2025 foi ajustada de 4,33% para 4,32%, para 2026 passou de 4,06% para 4,05%, enquanto a projeção para 2027 permaneceu em 3,80%. As estimativas do IGP M também foram revisadas para baixo. Já os preços administrados mantiveram projeção de 5,32% em 2025 e foram revistos para 3,72% em 2026.
No cenário internacional, o crescimento anualizado de 4,3% do PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2025, acima das expectativas e no ritmo mais forte em dois anos, reforçou a percepção de demanda resiliente e inflação subjacente persistente. O resultado veio acompanhado de alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e de uma comunicação cautelosa do Federal Reserve, sinalizando juros elevados por período prolongado. No Brasil, os indicadores recentes apontam convergência gradual da inflação e arrefecimento das pressões subjacentes, o que contribuiu para um balanço de riscos considerado essencialmente simétrico. Nesse contexto, a mediana do Focus manteve a Selic em 12,25% ao final de 2026 e em 10,50% em 2027.
Com a expectativa de redução gradual do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, as projeções de câmbio foram ajustadas. A mediana passou a indicar dólar em R$ 5,44 em 2025, mantendo-se em R$ 5,50 para 2026 e 2027.
No setor externo, novembro de 2025 registrou déficit em transações correntes de US$ 4,9 bilhões, ligeiramente acima do observado no mesmo mês de 2024. A balança comercial apresentou superávit de US$ 5,1 bilhões, inferior ao de um ano antes, em um contexto de exportações de US$ 28,7 bilhões e importações de US$ 23,6 bilhões, com crescimento mais forte das compras externas. Os investimentos diretos no país somaram US$ 9,8 bilhões no mês e alcançaram US$ 84,3 bilhões no acumulado de doze meses, permanecendo como a principal fonte de financiamento do déficit em conta corrente.
As expectativas para 2025 indicaram leve deterioração do quadro externo, com redução marginal do superávit comercial projetado para US$ 63,0 bilhões e revisão do déficit em conta corrente para US$ 74,85 bilhões. Para 2026, as revisões foram mais moderadas, com ligeira redução do déficit em conta corrente e superávit comercial estimado em US$ 66,0 bilhões. As projeções para investimentos diretos no país seguiram favoráveis, com estimativas de US$ 79,7 bilhões em 2025 e US$ 74,4 bilhões em 2026.
Na última semana do ano, a agenda econômica concentra divulgações relevantes, ainda que em ritmo reduzido devido ao feriado de Ano Novo. Estão previstos indicadores como IGP M, Relatório Focus, Caged, balanço orçamentário, taxa de desemprego e, no exterior, a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto.






