O agronegócio brasileiro é um dos pilares da economia nacional, respondendo por uma parcela significativa do PIB e das exportações. Entretanto, o setor enfrenta muitos desafios, como variações climáticas, flutuações no mercado de commodities e incertezas políticas e econômicas. Nesse cenário, o Seguro Rural surge como uma ferramenta essencial para mitigar riscos e garantir a sustentabilidade dos negócios.
O recente Monitor de Tendências do Agronegócio Brasileiro, estudo realizado pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e divulgado nesta sexta-feira (06/09), revelou informações valiosas sobre as tendências e necessidades dos produtores rurais no Brasil, incluindo importantes constatações sobre a adoção do Seguro Rural. Para a realização do estudo, a FIESP entrevistou 514 agricultores e pecuaristas, tomando os cuidados metodológicos necessários para garantir a representatividade das principais regiões produtoras do país e dos muitos perfis de produtores.
O relatório destaca que 40% dos entrevistados consideram contratar seguro, enquanto 25% ainda estão indecisos. O fator de maior peso na decisão é o custo elevado do seguro, o que acaba sendo um entrave para muitos produtores. Mas qual é a relevância desse tipo de seguro e por que ele é tão estratégico para o setor?
A Importância do Seguro Rural no Brasil
Um dos seguros disponíveis para os produtores rurais, o Seguro Agrícola tem como objetivo proteger os produtores contra perdas decorrentes de eventos climáticos adversos, como secas, enchentes ou geadas, que podem impactar severamente a produtividade. O Brasil é um país com geografia e clima que apresentam grande diversidade, e a imprevisibilidade do clima é uma das maiores ameaças à atividade agrícola. Adicionalmente, variações nos preços das commodities também podem trazer incertezas que afetam diretamente o fluxo de caixa e o planejamento de safra.
Segundo o estudo da FIESP, as principais regiões produtoras do Brasil têm enfrentado desafios específicos. A seca que assolou o Mato Grosso e as chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul em 2024 são exemplos recentes de como o clima pode alterar drasticamente o cenário agrícola. Esses eventos reforçam a importância de uma proteção eficaz para os produtores, especialmente em um momento de queda dos preços das commodities.
Desafios e Oportunidades
Apesar da relevância do Seguro Rural, o estudo identificou que o custo ainda é um grande obstáculo. Muitos produtores apontam que o valor elevado do Seguro dificulta a ampliação dessa prática. A FIESP revela que o acesso ao crédito é vital para os produtores: 66% deles financiaram suas operações na última safra, mas a burocracia e o custo do crédito ainda são desafios significativos.
Outro ponto interessante levantado pelo estudo é a resistência de parte dos agricultores em adotar novas tecnologias e produtos financeiros mais complexos, como os títulos de crédito ligados ao agronegócio (LCAs e CRAs). Esses mecanismos, embora sofisticados, têm potencial para facilitar o acesso a financiamentos de maior porte e proteger os produtores em cenários adversos.
O Seguro Rural, ainda que essencial, não é amplamente adotado em larga escala no Brasil. Porém, o estudo da FIESP aponta que as políticas públicas e incentivos podem ter um papel fundamental para alterar essa realidade. Programas de subsídios governamentais, como o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), têm sido importantes para reduzir o custo do seguro, facilitando sua contratação, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Além disso, a pesquisa destaca uma mudança de perfil dos produtores: 44% dos entrevistados possuem ensino superior completo e estão cada vez mais conscientes sobre a necessidade de proteger suas operações. Embora ainda predomine um perfil jovem (média de 45 anos), os agricultores brasileiros estão seguindo uma tendência global de profissionalização, o que pode abrir espaço para uma maior adesão ao Seguro Rural.
O Papel dos Corretores e Seguradoras
As seguradoras e corretores que atuam no segmento de Seguro Rural têm uma oportunidade única de expandir suas operações, especialmente ao oferecer produtos mais acessíveis e personalizados. O estudo da FIESP aponta que as decisões de compra de insumos e tecnologias são amplamente influenciadas por terceiros, como agrônomos e consultorias, o que mostra que o relacionamento e a confiança são elementos cruciais no processo de tomada de decisão.
Portanto, para aumentar a adesão ao Seguro Rural, é necessário que os agentes do mercado de seguros criem soluções customizadas para atender às particularidades de cada região e tipo de cultivo. Além disso, a capacitação dos produtores em relação às vantagens e possibilidades do Seguro Rural deve ser uma prioridade.
Fonte: com informações da FIESP.
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