
O crescimento econômico mundial segue em desaceleração, com sinais mais claros de enfraquecimento da economia norte-americana no terceiro trimestre, segundo o relatório Perspectivas de Riscos Econômicos e Financeiros, divulgado pelo Swiss Re Institute. O estudo também alerta para riscos crescentes no cenário internacional, que vão de tensões comerciais a fragilidades fiscais em grandes economias.
Nos Estados Unidos, a criação de empregos em julho somou apenas 73 mil vagas, acompanhada de revisões negativas nos meses anteriores — um indicativo de perda de ritmo. Apesar de o PIB do segundo trimestre ter avançado 3,0%, o desempenho foi influenciado por distorções no comércio exterior. A previsão para 2025 é de crescimento de 1,7%. Já a inflação americana deve encerrar o ano em 2,8%, tanto em 2025 quanto em 2026, pressionada pelo repasse de tarifas sobre bens duráveis.
Na Europa, o cenário é mais estável: a inflação da Zona do Euro se mantém em torno de 2%, meta do Banco Central Europeu (BCE), com queda nos preços de bens compensando o custo elevado dos serviços. A expectativa é de alta de 1,2% no PIB no próximo ano, impulsionada por exportações antecipadas. O BCE, que já reduziu os juros em 100 pontos-base neste ciclo, deve realizar mais um corte até dezembro.
A China, por sua vez, enfrenta preços fracos e perda de tração na indústria. A projeção de crescimento para 2025 foi ajustada para 4,8%, e a inflação deve voltar levemente ao campo positivo, embora os preços ao produtor permaneçam em queda. O Banco Popular da China manteve a taxa de recompra reversa em 1,4%, mas há espaço para novos cortes.
O relatório aponta que, além da desaceleração, a economia global enfrenta riscos significativos: agravamento das tensões comerciais, instabilidade política, déficits fiscais crescentes nos EUA, Alemanha e Reino Unido, pressões salariais por políticas de imigração restritivas e vulnerabilidade no mercado de crédito, especialmente entre instituições não bancárias com alta exposição a ativos alternativos.
Apesar do quadro desafiador, o Swiss Re Institute também vislumbra possíveis pontos positivos, como redução de tarifas, avanços tecnológicos, estabilização fiscal e soluções para conflitos geopolíticos.