Para abordar o tema “As cooperativas e mútuas de seguros: desafios e oportunidades”, o diretor da Conhecer Seguros, Walter Polido, foi um dos palestrantes do evento Regulation Week, promovido pela FGV Direito Rio entre os dias 22 de outubro e 6 de novembro. A série de encontros percorre as cidades de Washington D.C. (EUA), Londres (Inglaterra), Berlim (Alemanha), São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, com especialistas, líderes governamentais, juristas brasileiros e estrangeiros, além de profissionais de diferentes setores regulados, para discutir os principais aspectos da regulação nacional e internacional.
No dia 29 de outubro, Polido dividiu o painel com a diretora da Susep, Júlia Normande Lins, a diretora Jurídica da CNseg, Glauce Carvalhal, a gerente de Relações Institucionais da OCB, Clara Pedroso Maffia, e o head Brazil & Southern Cone e presidente da Swiss Re Brazil Resseguros, Frederico Knapp. O tema foi mediado pelo sócio do CGV Advogados, Ilan Goldberg.
“Sabemos que o mercado regulado sempre teme o novo, o que é natural, qualquer situação nova causa receio. Lembro que, há 17 anos, o mercado também ficou receoso com o fim do monopólio do resseguro, mas hoje é algo em que todos se adaptaram rapidamente. Na verdade, acredito que estamos atrasados nesse processo em pelo menos 50 anos, e já deveríamos estar em um estágio mais avançado. Infelizmente, estamos apenas começando”, disse Polido.
Segundo ele, toda regulamentação é extremamente complexa de ser estabelecida, isso porque envolve interesses diversos e, no caso das associações e cooperativas, já se percebe uma distância significativa entre os dois modelos. “No cenário internacional, os resseguradores estão interessados em incrementar negócios no Brasil dentro dessa área, mas tudo dependerá da regulamentação e da sua eficácia. Achei interessante o painel anterior, que abordou a ideia de permitir que os regulados passem por uma experiência prática de 12 meses antes que se inicie uma regulamentação mais rígida. Considerando a complexidade e a diversidade do tema, vejo que também precisaremos de uma abordagem semelhante nessa área”, opinou.
O diretor da Conhecer Seguros destacou outros desafios na transição das cooperativas para o mercado regulado de seguros. “Primeiramente, há a questão da alocação de capital, que pode ser mitigada em parte pelo resseguro, tal como ocorre com as seguradoras tradicionais. Outro desafio importante é o conhecimento específico desse setor. Para muitas cooperativas, o mercado de seguros é um mundo novo, exigindo preparação e adaptação. Além disso, há a questão da governança e gestão, fundamental para o sucesso dessas operações”, destacou Polido.
A Susep, desde o final de 2020, tem dado maior liberdade para que as seguradoras desenvolvam produtos de forma mais autônoma, o que é uma oportunidade interessante para esses novos entrantes. Na visão de Polido, inclusive, as cooperativas se mostram entusiasmadas e começaram a desenvolver produtos. “As cooperativas trazem uma abordagem diferente, mais voltada para seus membros e menos para o lucro, enquanto o mercado regulado de seguros está orientado no capital, no lucro. Enquanto muitas seguradoras estão distantes dos consumidores, entregando produtos sem necessariamente ouvir seus clientes, as cooperativas têm uma relação mais direta, participativa, com assembleias e reuniões que as aproximam dos membros”, alerta o especialista.
No entanto, Polido reforça que as cooperativas precisam aplicar critérios rigorosos de subscrição, como faz o mercado regulado, pois os riscos serão compartilhados entre os associados, e qualquer prejuízo será rateado. “Isso é algo que temos compartilhado com lideranças de cooperativas no trabalho que temos desenvolvido através da Conhecer Seguros. O resseguro, mesmo dentro do modelo cooperativo, será um parceiro importante e trará consigo o mesmo rigor que já aplica ao mercado segurador tradicional. No geral, essa transição é um grande desafio, mas também uma oportunidade. Com a Susep apoiando e regulando, estamos em uma fase cheia de possibilidades”, conclui.
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