Cooperativismo de crédito avança como força de inclusão e estabilidade financeira no Brasil

Presente em mais de três mil municípios, o cooperativismo de crédito tem se consolidado como uma das principais ferramentas de inclusão financeira e desenvolvimento regional no país. Em um cenário de retração das agências bancárias tradicionais, o setor segue na contramão, ampliando sua presença física e reforçando laços com comunidades locais.

Durante a 46ª edição da LiveBC, realizada no dia 20 de outubro, o Chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias (Desuc) do Banco Central, Adalberto Felinto da Cruz Junior, e o Chefe Adjunto, Ivens Arua Neves de Miranda, destacaram o papel estratégico das cooperativas no Sistema Financeiro Nacional (SFN), os avanços do segmento e os desafios da digitalização.

A edição teve um significado especial: 2025 marca o Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela ONU, e também os 20 anos de criação do Desuc. De acordo com o Banco Central, o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) cresceu quase o dobro do sistema financeiro tradicional em 2024. Enquanto as instituições convencionais registraram alta de 13% em ativos totais, o setor cooperativo avançou 21%. “As cooperativas vêm suprindo uma lacuna importante, posicionando-se em aspectos de solidariedade e atenção à comunidade”, afirmou o chefe do departamento, Adalberto Felinto.

Atualmente, o cooperativismo de crédito conta com mais de dez mil postos de atendimento e mais de 20 milhões de cooperados. Em cerca de 500 municípios brasileiros, as cooperativas são a única instituição financeira presente, reforçando sua relevância para o acesso ao crédito e à bancarização.

Os representantes do BC destacaram o caráter anticíclico do cooperativismo — ou seja, sua capacidade de sustentar a concessão de crédito mesmo em períodos de crise. “O cooperado não é cliente, é dono. Essa proximidade gera confiança e fortalece a governança democrática”, explicou Felinto. Além disso, o modelo cooperativo garante que os resultados permaneçam na comunidade, por meio de distribuição de sobras e investimentos locais, estimulando o desenvolvimento econômico e social.

Segundo Ivens Miranda, o cooperativismo de crédito é essencial para reduzir desigualdades regionais e promover o crescimento sustentável. Estudos citados pelo BC indicam que municípios com presença de cooperativas são mais ricos e têm menor índice de pobreza. As cooperativas também têm papel relevante em setores menos atendidos pelo sistema bancário tradicional, como micro e pequenas empresas, crédito rural e operações sem consignação para pessoas físicas. Em muitos casos, o impacto ultrapassa o campo financeiro, com cooperativas apoiando escolas, hospitais e iniciativas sociais.

O Banco Central mantém uma supervisão intensa e multifacetada sobre o sistema cooperativo, que segue as mesmas exigências prudenciais do sistema financeiro tradicional, incluindo índices de liquidez, capitalização e normas de Basileia. O modelo conta ainda com auditorias independentes, supervisão das centrais de crédito e a proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que assegura depósitos de até R$ 250 mil.

Sobre o futuro, Felinto apontou a digitalização como um dos principais desafios: “O cooperativismo tem base local, de contato e presença. O grande ponto é manter o senso de pertencimento nesse ambiente digital”. Para o BC, a atuação híbrida, que combina proximidade física e soluções tecnológicas, é o caminho ideal para expandir o acesso sem perder o vínculo comunitário, desde que acompanhada por educação financeira e capacitação contínua de conselheiros e dirigentes.

Com mais de um século de história no Brasil, o cooperativismo de crédito mostra que tradição e inovação podem caminhar juntas, e que, no coração do sistema financeiro, ainda há espaço para relações baseadas em confiança, propósito e solidariedade.

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