Como a automação de processos pode reduzir custos no ecossistema de saúde

Por Rodrigo Gomes*

O aumento da eficiência operacional e a urgência na redução de custos é cada vez mais uma demanda crucial para a competitividade e até mesmo para a permanência de empresas que fazem parte do ecossistema de saúde.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de saúde médico-hospitalares tiveram em 2023 um prejuízo acumulado de R$ 5,9 bilhões. Um impacto que só pôde ser compensado por meio de aplicações financeiras, que geraram um resultado positivo de R$ 11,2 bilhões.

Trazendo um contexto internacional, a pesquisa Global Medical Trends 2024, da WTW, consultoria de corretagem de seguros, informa que a média mundial do custo dos planos de saúde subiu 10,7% em 2023 na comparação com 2022, e a projeção é de que em 2024 o valor suba 9,9%. No Brasil, esse valor aumentou 16,3% no ano passado e a projeção é que neste ano a elevação seja de 16,6%.

A este cenário, podemos acrescentar a questão das fraudes. De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), em 2023 foram registradas mais de 2,4 mil fraudes, alta de 66% em comparação com o ano anterior. Em termos financeiros, o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) informa que as perdas provenientes de fraudes, em 2022, ficaram entre R$ 30 bilhões e R$ 34 bilhões.

Esta conjuntura justifica a necessidade e a urgência em buscar soluções que gerem impactos efetivos na eficiência operacional, com redução de custos e ganhos de produtividade, como parte de medidas para minimizar os obstáculos que o setor enfrenta. É onde a automação de processos pode desempenhar um papel extremamente relevante.

Tecnologia para redução de custos e melhoria dos processos

Quando se pensa na aplicação da tecnologia no sistema de saúde pode vir à cabeça a telemedicina, a telecirurgia ou o open health. Mas, toda a pressão de custos torna fundamental investir em tecnologias que melhoram os processos administrativos e o combate a fraudes.

Empresas que atuam no ecossistema de saúde podem melhorar sua operação administrativa por meio de soluções conhecidas como RPA (Robotic Process Automation) – Automação Robótica de Processos, em português. De forma simplificada, trata-se de um software que pode ser programado para executar uma série de tarefas automaticamente, atuando em regime 24/7 de forma autônoma e integrada, realizado ações como coleta de dados, preenchimento de formulários e movimentação de arquivos digitais, entre outras.

Esta é uma tecnologia que pode gerar grandes impactos em empresas do setor de saúde. Entre os benefícios está a redução de tempo gasto em tarefas repetitivas, o que dá mais tempo para que colaboradores possam se dedicar ao que seja mais importante e estratégico para a evolução do negócio, como a qualidade e rapidez no atendimento. Além disso, um processo automatizado reduz drasticamente o risco de erros humanos, algo que é importante em qualquer organização, mas que se torna extremamente crítico para empresas de saúde.

Entretanto, como isso pode impactar empresas do ecossistema de saúde na prática? Vou trazer alguns exemplos. Um sistema de RPA pode ser usado para rastrear e solicitar a aprovação de pacientes à medida que consultas são marcadas, atendidas ou canceladas. As informações sobre custos para o paciente, franquias e outros detalhes de cobertura podem ser geradas de forma automática, com melhor visibilidade, consistência e antecipação.

As empresas do setor podem utilizar o RPA para agilizar os fluxos de trabalho em vários sistemas administrativos, como nas áreas de atendimento ao cliente, processamento de informações, gerenciamento de inventário e automatização dos processos de reembolso.

Outro exemplo é o uso do RPA para receber entradas de dados de várias fontes, algumas das quais podem precisar ser convertidas em dados estruturados, tarefa repetitiva e que, quando executada por humanos, tende a gerar muitos erros.

Quando pensamos em integração com outras tecnologias, o RPA pode ser a base para avanços que incluem o uso de bots e de processamento de linguagem natural (PLN) para realizar o reconhecimento da fala e de imagem. Entre as muitas aplicações disso, podemos destacar a automação no esclarecimento de dúvidas de clientes por meio de chats, envio de mensagens como lembretes sobre consultas, exames e demais procedimentos.

Estes são apenas alguns exemplos de como um RPA pode impactar uma operação de saúde, reduzindo trabalhos manuais e melhorando o atendimento ao cliente. Isso se traduz em mais eficiência, agilidade e redução de custos, com ganhos ainda no gerenciamento de informações e visibilidade de dados capazes de oferecer uma visão mais clara e estruturada da operação, gerando insumos para tomadas de decisões estratégicas.

* Rodrigo Gomes é gerente comercial da Selbetti Tecnologia

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