
O aumento das notificações de intoxicação por metanol no país acendeu o alerta entre autoridades e profissionais de saúde. Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) registrou 48 notificações, sendo 39 em São Paulo — com 10 casos confirmados e 29 em investigação — e 4 em Pernambuco, ainda sob análise. Um óbito foi confirmado em São Paulo, e outros sete seguem em investigação.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a mobilização tem como objetivo reforçar a atenção dos profissionais de saúde e ampliar o número de notificações. “Nós já temos um guia para orientar os profissionais sobre como diagnosticar e tratar. Além disso, também temos no Brasil o antídoto recomendado, o etanol farmacêutico”, explicou.
O metanol é um tipo de álcool altamente tóxico, utilizado em solventes e produtos químicos. Quando ingerido, pode causar danos severos ao fígado, cérebro e nervo óptico, levando à cegueira, coma e até à morte. Os casos geralmente estão relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, sobretudo em festas e eventos.
Como medida de prevenção, o ministro orientou atenção redobrada ao consumo de bebidas alcoólicas. “Temos três regras básicas: se beber, não dirija; se beber, mantenha-se hidratado e bem alimentado; e, se for beber, verifique a procedência da bebida, certificando-se de que o lacre está intacto”, recomendou Padilha.
Sintomas e atendimento
Os sintomas de intoxicação por metanol podem surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão e muitas vezes se confundem com os de uma ressaca comum. Entre eles estão dor abdominal, visão turva, confusão mental e náusea. Quem apresentar esses sinais deve procurar imediatamente um serviço de emergência, informando que consumiu bebida alcoólica e relatando onde, quando e o que ingeriu. A rapidez no atendimento é fundamental para evitar sequelas graves.
Os profissionais que suspeitarem de intoxicação por metanol devem notificar o caso e contatar o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da região. Atualmente, o Brasil conta com 32 centros em 19 estados, com equipes multidisciplinares especializadas.
Nos casos confirmados, o tratamento indicado é o uso de etanol farmacêutico, produzido em grau de pureza adequado para uso médico e administrado sob controle rigoroso. A solicitação do produto é feita pelos CIATox ou pelas secretarias de saúde.
O alerta reforça a importância de vigilância, prevenção e articulação entre as redes pública e suplementar, garantindo um atendimento ágil e eficaz em situações que colocam a vida em risco.
O papel da saúde suplementar
Nesse cenário, a saúde suplementar desempenha papel estratégico, tanto na capacidade de diagnóstico e tratamento rápido, quanto no apoio à rede pública em situações de emergência toxicológica. Hospitais e prontos-atendimentos da rede privada têm condições de oferecer diagnóstico precoce, suporte intensivo e acompanhamento especializado, especialmente nos casos graves.
Além disso, operadoras de planos de saúde podem contribuir com campanhas de orientação preventiva, informando beneficiários sobre os riscos das bebidas adulteradas e os sinais de intoxicação. A integração entre os sistemas público e privado fortalece a resposta do país diante de situações de alerta sanitário.
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