O avanço dos atrasos de pagamento e o alongamento dos prazos médios de crédito marcaram o cenário empresarial latino-americano em 2025, segundo a mais recente Pesquisa de Pagamentos América Latina. O estudo aponta que 77% das empresas enfrentaram atrasos no ano, um salto de 26 pontos percentuais em relação a 2024. Além disso, o prazo médio de pagamento passou de 53 para 59 dias, revelando maior pressão financeira sobre as companhias da região.
Nesse ambiente de risco ampliado, as oportunidades para o seguro de crédito ganham protagonismo. A pesquisa revela que 28% das empresas da região já utilizam essa proteção, movimento que tende a crescer à medida que a inadimplência avança e aumenta o risco de falência de clientes. A economista-chefe da Coface para a América Latina, Patricia Krause, ressalta que o seguro de crédito tem se mostrado crucial para preservar liquidez sem comprometer vendas, ao transferir parte do risco de não pagamento para uma seguradora. Ela observa que, diante do custo elevado do financiamento e da seletividade bancária, essa solução se torna particularmente atraente para empresas que buscam estabilidade e previsibilidade em suas operações.
A própria ampliação dos prazos de pagamento reforça essa tendência. Patricia Krause explica que muitas empresas têm concedido prazos mais longos para manter as vendas em um ambiente de crédito restrito e juros elevados. O levantamento indica ainda um aumento no número de companhias que passaram a trabalhar com prazos entre 90 e 120 dias, especialmente nos setores madeireiro, têxtil e farmacêutico. Já o setor de transporte registrou o menor prazo médio, com 34 dias.
Apesar do aumento na frequência dos atrasos, a duração média caiu de 52 para 42 dias, sinalizando uma capacidade mais eficiente de recuperação das pendências. No Brasil, os atrasos ficaram abaixo da média regional, em 36 dias, embora tenham crescido na comparação com o ano anterior. Para Patricia Krause, esse movimento mostra que as empresas brasileiras têm investido mais na gestão dos recebíveis, mesmo em um cenário econômico que segue exigente.
O estudo também captou um otimismo cauteloso para 2026. A maioria das empresas prevê estabilidade nos prazos de pagamento e no nível de atividade econômica em relação a 2025, e quase 70% espera um aumento nas operações comerciais. Segundo Patricia Krause, a expectativa de queda das taxas de juros no próximo ano contribui para esse sentimento mais positivo, embora fatores como desaceleração econômica, volatilidade cambial e competição elevada continuem no radar das companhias.






