Por Sidney Dias*

Utilizada com frequência cada vez maior pelas seguradoras e publicações especializadas, a expressão “seguro embarcado” refere-se a algo que pode impactar fortemente a distribuição de seguros e impulsionar o crescimento do volume de prêmios.

Também chamado de “seguro embutido”, “integrado” ou “agregado”, não se trata de um novo produto, mas de uma cobertura oferecida aos consumidores no ponto de venda, em tempo real, no momento da compra de um produto ou serviço. Esse ponto pode ser tanto um marketplace digital quanto uma loja física.

Um exemplo de seguro embarcado bastante comum é o seguro de garantia estendida, ofertado ao consumidor quando efetua a aquisição de um bem durável – como um eletrônico ou eletrodoméstico.

A definição do que é o seguro embarcado já evidencia que existem dois produtos sendo transacionados: o primeiro é o que o consumidor deseja adquirir; o outro é o seguro vendido no próprio contexto da transação de compra. Ou seja, em uma única transação, o consumidor adquire o bem ou serviço e a proteção de seguro relacionada.

A MAPFRE apresenta uma boa definição para essa forma de distribuição: o seguro integrado é “o agrupamento de coberturas ou proteções na compra de um produto ou serviço de terceiros como parte da jornada do cliente”.

O papel do corretor de seguros na distribuição

O seguro de garantia estendida, comparativamente a outros tipos de seguros – como de automóvel ou vida, por exemplo – possui importâncias seguradas e prêmios médios relativamente pequenos, além de coberturas com menor complexidade quanto às amplitudes e condições relacionadas.

Ainda assim, o consumidor pode sentir-se inseguro para a realização da compra da proteção – seja interagindo com um sistema de comércio eletrônico ou com um vendedor. E, quando isso acontece, a venda do seguro embarcado não se realiza ou, caso seja efetivada, o novo segurado não terá adquirido a proteção de maneira plenamente consciente.

Por possuir uma visão ampla de gerenciamento de riscos e do uso dos seguros para mitigação das exposições a perdas, o corretor de seguros é capaz de avaliar a possibilidade de integração de diferentes tipos de proteção, maximizando o retorno do momento do contato com o consumidor. Por exemplo, avaliando a oportunidade para oferta de seguro residencial com cobertura para danos elétricos a um cliente que está adquirindo um eletrônico, além do seguro de garantia estendida.

Open Insurance e os seguros embarcados

A oferta de seguros embarcados apresenta desafios que devem ser superados para a sua ampla utilização em diferentes ramos, com benefícios para todos os participantes do mercado. O consumidor precisa ter acesso às informações completas sobre as coberturas, as exclusões, os prêmios e as condições dos seguros que contratar ao adquirir outros produtos ou serviços.

Deve-se considerar, também, que esses seguros podem não atender às necessidades específicas do consumidor ou não oferecer o melhor custo-benefício em relação aos seguros tradicionais.

É nesse contexto que se avalia a oportunidade trazida pelo Open Insurance, com benefícios potenciais para os consumidores de seguros embarcados, como o maior acesso às informações sobre os possíveis seguros que poderiam ser incorporados ao produto ou serviço que estiver adquirindo, a comparação das diferentes opções disponíveis no mercado e a personalização das coberturas de acordo com suas necessidades.

O Open Insurance permite – exclusivamente através de canais digitais – o compartilhamento dos dados de seguros dos clientes entre as seguradoras, com o objetivo de aumentar a transparência, a eficiência e a concorrência no mercado, beneficiando os consumidores com melhores ofertas e condições.

Com as alterações na regulamentação introduzidas pela Resolução CNSP 450/2022, os corretores de seguros participam do Open Insurance através das Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente (SPOCs). Nessa nova dinâmica, os profissionais conseguem estender o âmbito de atuação através de canais digitais, levando seu suporte como consultores independentes às pessoas no momento em que elas precisam decidir sobre a compra dos seguros embarcados.

* Sidney Dias é diretor da Conhecer Seguros e profissional experiente do mercado de seguros e finanças. Mestre e Doutor em Informática (PUC-Rio) e Administrador (FGV/EAESP).  Membro da IEEE/Computer Society, da Association for Computing Machinery – ACM. Corretor de seguros habilitado em todos os ramos..

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Open Insurance: diretrizes sobre o que fazer e o que não fazer