O Open Finance, que chegou à última etapa da fase 4 no dia 2 de junho, deve abrir oportunidades para empresas, instituições financeiras e clientes, segundo avalia a Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros.
Durante o evento “Open Finance Bootcamp – Transformação dos serviços financeiros na fase 4”, realizado pela Capco em São Paulo, no dia 7 de junho, foram apresentados exemplos do Open Finance no dia a dia e de como os bancos podem ter acesso ao comportamento de seus clientes e, assim, oferecer com mais agilidade os produtos e serviços que necessitam.
De acordo com o managing principal na Capco Brasil, Gerhardt Scriven, os serviços financeiros serão transformados com o Open Finance “trazendo mais oportunidades de negócios para instituições financeiras e de melhorias em produtos e serviços para os clientes, que também serão beneficiados na gestão de seus recursos.”
A atual etapa é a de “compartilhamento de informações sobre produtos de investimentos, previdência, seguros, câmbio, entre outros, ofertados e distribuídos no mercado”, segundo o Banco Central. O processo foi se ampliando a partir de regras como a disponibilização de informações padronizadas sobre os canais, produtos e serviços dos bancos; compartilhamento de dados cadastrais e transacionais, até chegar à primeira forma de pagamento disponível no Open Finance, o Pix.
“A diferença para quem vai desfrutar de todos os recursos desse sistema aberto é saber usar a estratégia certa e fazer parte do ecossistema seguindo todos os protocolos e regras para lançar mão desses dados de forma correta, segura e objetiva”, destacou o líder de Arquitetura em Open Finance da companhia, Tarcísio Burock.
Casos reais de aplicação
Com a chegada da nova fase, os casos de uso do Open Finance para a instituições receptoras de dados criarem produtos e serviços incluem:
Dados públicos: as instituições integrantes do Open Finance conseguem saber com quais outros bancos os clientes têm vínculos e, com base nesses dados, que são públicos, podem fazer comparativos entre taxas cobradas pelo mercado. Assim, podem formular um produto para o atual momento do seu cliente.
White Label: em um cenário hipotético em que um cliente tem vínculo com várias instituições, uma delas pode fazer uma gestão financeira diferenciada. Pode, por exemplo, acoplar diferenciais aos produtos que o cliente já tem em outras instituições para torná-lo customizado e, com a recepção de dados no sistema, gerenciar as necessidades desse cliente de forma integrada. Com isso, fornecerá uma visão geral do que o mercado oferece.
Agregação de empréstimo: com uso de dados privados provenientes do ecossistema Open Finance e com o consentimento do cliente, a instituição pode usá-los de forma estratégica identificando o que o usuário tem em termos de serviços e produtos em outras instituições. A partir daí, pode trabalhar a informação para fazer uma oferta assertiva e bem trabalhada de empréstimo único para o cliente, em que consiga quitar o crédito anterior e se concentrar em um único banco.
Produtos de investimento: um cliente com vínculo em outras instituições pode receber uma proposta de investimento, mesmo que seja mais conservadora, mas que seja um produto que traga liquidez e rentabilidade para aquele dinheiro que pode estar parado na conta. Essa é uma forma de fidelizar com benefícios que alavancam o perfil de investimento do cliente e oferece a essa pessoa ou empresa uma nova oportunidade que não aproveitava antes por falta de informação e orientações.
Ofertas orientadas a transações recorrentes: os dados de cartão de crédito de 12 meses podem ser usados para analisar os padrões de compra e identificar, em certos casos, que o cliente usa postos de gasolina, lojas de conveniência, oficinas, lojas de peças etc. Com base nisso, a instituição pode oferecer produtos específicos para o cliente: empréstimo para aquisição de produtos e serviços como automóvel e seguros com base em seu perfil.
Solução para cartão de crédito: é possível analisar os vínculos com outras instituições e verificar que o cliente não usa os produtos delas. Estudando o perfil, pode-se oferecer um cartão com mais benefícios.
O evento apresentou também informações técnicas sobre consentimento do cliente para compartilhamento de dados; visão de arquitetura de Open Finance; construção da jornada do cliente com uso de soluções e sistemas focados (como o Mountebank, uma ferramenta open source) e aspectos regulatórios relacionados à gestão de consentimento e à LGPD.
Assim como abordou questões como certificações específicas (ISO 20022); padronização de comunicação dos serviços para o bom desempenho e recebimento de dados; aspectos de segurança (como criptografia, token, assinaturas, protocolo FAP e protocolo Https). Houve, ainda, considerações sobre tecnologias de instituições receptoras de dados, incluindo segurança, desempenho e escalabilidade.
Fonte: com informações da Capco
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