Por Sidney Dias*
A pandemia da Covid-19 impactou duramente a vida das pessoas e os negócios. Embora ainda seja necessário termos conhecimento dos números de dezembro de 2020 para podermos fechar a análise do ano, os números globais do seguro de automóvel, no período de janeiro a novembro de 2020, já mostram que as restrições da pandemia trouxeram um efeito inesperado e muito relevante para os negócios: a redução da sinistralidade.
Se, por um lado, houve redução de receita em aproximadamente 2,9%, quando comparados os números de janeiro a novembro de 2020 com aqueles de igual período do ano anterior, por outro lado, é possível observar uma forte redução das despesas com sinistros, da ordem de 12,9%.
Ou seja: a redução das despesas com sinistros foi suficiente para cobrir a perda de receita e ainda deixar um bom resultado técnico para as seguradoras. E estamos falando de valores muito relevantes: o segmento de automóvel contabilizou receita total de R$ 31,8 bilhões em 2020, contra R$ 32,7 bilhões em 2019.
De certa forma, esses números confirmam o que já vinha sendo sentido pelos especialistas do mercado, à medida que a pandemia se desenvolvia: foi reduzida a circulação de veículos e pessoas e, consequentemente, também houve a redução do número de sinistros.
Os dados disponibilizados no SES (Sistema de Estatísticas da Susep) mostram que, em março e abril, a sinistralidade despencou para algo em torno de 44%, contra uma média nos meses anteriores de, aproximadamente, 62%.
A partir de maio, a sinistralidade voltou a apresentar crescimento, terminando novembro com um percentual de 58%, já bem próximo dos patamares mensais anteriores à pandemia.
Esses números são do mercado como um todo: cada companhia, certamente, foi impactada de forma diferente, sendo necessária análise específica de sua carteira para se entender como seus negócios foram afetados pela pandemia.
* Sidney Dias é diretor da Conhecer Seguros, doutor em Informática e bacharel em Administração Pública. Também é corretor de seguros habilitado em todos os ramos, professor em cursos de graduação e pós-graduação, e membro de instituições internacionais, como da IEEE/Computer Society, da Association for Computing Machinery (ACM) e da International Coach Federation (ICF).
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