O futuro do consultor de proteção veicular dentro das cooperativas de seguros

Por Eduardo Dada*

Nos últimos meses, enquanto avançamos na transição do modelo associativo para o modelo de cooperativa de seguros, uma pergunta surgiu com força: o que acontece com a figura do consultor de proteção veicular? Essa dúvida é natural, porque esse profissional sempre foi a linha de frente do relacionamento com o associado. É quem explica, acolhe, orienta e traduz o propósito da instituição para quem chega.

E, na minha visão, gente competente tem lugar onde for, desde que sua função seja colocada no lugar certo dentro do novo sistema.

O cooperativismo não elimina pessoas, ele redireciona papéis.

No modelo de cooperativa de seguros, o consultor não precisa desaparecer; ele precisa evoluir.

Do comercial para o relacionamento

A lógica muda.

O consultor deixa de ser visto como captador e passa a ser agente de relacionamento, muito parecido com o que acontece nas cooperativas de crédito. Lá, o chamado gerente de relacionamento acompanha o cooperado não para vender algo, mas para ampliar o vínculo, fortalecer a confiança e ajudar a usar bem os produtos da própria cooperativa.

Esse paralelo é extremamente saudável para o nosso setor.

Estruturas regionais se tornam postos de atendimento

Outra transformação que faz sentido é olhar para os escritórios regionais. Muitas cooperativas de proteção veicular já possuem estruturas locais consolidadas, que representam a marca e atendem a comunidade.

No modelo de cooperativa de seguros, esses escritórios podem evoluir naturalmente para postos de atendimento da cooperativa. E, dentro dessa estrutura, o representante regional pode assumir o papel de gerente de posto de atendimento, com responsabilidades de governança e atendimento.

E os consultores locais podem se tornar gerentes de relacionamento, servindo ao cooperado e fortalecendo o vínculo da comunidade com a cooperativa. Esse desenho mantém a força da presença territorial que sempre foi diferencial do nosso sistema e coloca cada profissional em um papel alinhado com o que a lei exige.

Representação e governança

Outra possibilidade é que esses representantes regionais passem a integrar o quadro social e, quando fizer sentido, atuem como delegados nas assembleias. Isso reforça a governança cooperativista e aproxima a operação da realidade das regiões atendidas.

Tudo isso está em coerência com os princípios da Lei nº 5.764/1971 (Lei do Cooperativismo) e da Lei Complementar nº 213/2025 (Lei das Cooperativas de Seguros), que valorizam a participação democrática, a autogestão e a proximidade entre a cooperativa e seus membros.

Não se trata de criar intermediários, e sim de fortalecer o relacionamento direto entre a cooperativa e quem faz parte dela.

O consultor continua essencial, mas de um novo jeito

O ponto mais importante, para mim, é que essa transição não é uma ameaça para quem faz um bom trabalho.

É uma oportunidade.

O consultor que sempre atuou com transparência, proximidade e conhecimento do cooperado pode se transformar em algo ainda maior: um embaixador do modelo cooperativo na sua região.

Alguém que representa, educa, acolhe e aproxima. Se antes ele conectava pessoas a um produto, agora ele conecta pessoas a uma comunidade.

E isso é muito mais forte.

A transição para a cooperativa de seguros não é uma troca de estrutura, é uma mudança de mentalidade. A essência continua a mesma: proteger pessoas por meio da união. E, dentro dessa essência, os profissionais que carregam o relacionamento na ponta continuam tendo papel fundamental.

O consultor não perde espaço.

Ele ganha propósito.

E, dentro de um modelo cooperativo bem estruturado, quem é competente sempre encontra o seu lugar.

 

*Eduardo Dada é Diretor Financeiro (CFO) da Confseg – Confederação das Cooperativas promotoras do Cooperativismo de Seguros. Atua também como Presidente do Conselho de Administração da Uniseg Central Cooperativa e como Diretor Executivo da Unicooper Cooperativa. Tem formação em Teologia e especialização em Gestão de Cooperativas.

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