
Com a taxa Selic em seu maior nível em quase duas décadas, os fundos de pensão devem manter a preferência por aplicações em renda fixa. A avaliação é do diretor Financeiro e de Investimentos da BB Previdência, Ricardo Serone, que vê nos ativos atrelados ao CDI maior atratividade no curto prazo, em contraste com investimentos de maior risco, como ações e fundos imobiliários, ainda pressionados por prêmios pouco competitivos diante dos títulos públicos federais.
Segundo Serone, a Resolução 61 do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), aprovada em dezembro de 2024, fortaleceu esse movimento. A medida possibilitou a marcação dos títulos públicos federais pela curva — ou seja, pelo valor de vencimento —, permitindo retornos acima da meta atuarial com menor volatilidade. “Isso garante previsibilidade aos resultados, num cenário em que o risco soberano se mostra mais vantajoso”, destacou.
Apesar da deflação registrada em agosto, a inflação acumulada em 12 meses segue acima de 5%, e as projeções do Boletim Focus apontam alta de 4,85% para este ano. Para Serone, os números reforçam que ainda não há espaço para cortes na Selic em 2025. A previsão da entidade é que a taxa encerre o ano em 15%, diante de uma inflação persistente, do mercado de trabalho aquecido e da atividade econômica em desaceleração, mas ainda resistente.
“A manutenção da Selic reflete a necessidade de controlar a inflação, que continua elevada mesmo em meio ao desaquecimento gradual do PIB. O Banco Central precisa preservar a credibilidade da política monetária e atuar diante das pressões fiscais”, avaliou o diretor da BB Previdência.
Impacto externo e riscos globais
O cenário internacional também exige cautela. A política tarifária dos Estados Unidos tem pressionado os preços no comércio global, ao mesmo tempo em que os juros mais baixos definidos pelo Federal Reserve podem valorizar ainda mais a moeda brasileira.
“Os fatores externos são potencializados por tensões geopolíticas e pelo avanço da guerra comercial. Parte dos efeitos do tarifaço pode ser mitigada pela linha de crédito do BNDES, mas, sem soluções de longo prazo, a inflação e o câmbio podem voltar a sofrer pressões no Brasil”, observou Serone.
Segundo o Diretor, a BB Previdência segue atenta às oportunidades do mercado, privilegiando estratégias de alocação de longo prazo, com foco em mitigar riscos e maximizar retornos para os participantes.
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