O número de incêndios estruturais em indústrias brasileiras aumentou 34% no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento do Instituto Sprinkler Brasil (ISB). A entidade, que monitora diariamente notícias sobre incêndios no país, identificou 107 ocorrências em instalações industriais nos seis primeiros meses de 2025, contra 80 registros no mesmo período do ano anterior.
Embora os dados sejam ligeiramente inferiores aos de 2023 (111 ocorrências) e 2022 (110), o crescimento recente preocupa. Para o consultor do ISB, Marcelo Lima, muitos desses incêndios poderiam ser evitados com medidas adequadas de prevenção, como a instalação de sistemas de sprinklers — dispositivos automáticos de combate ao fogo. Segundo ele, “muitas indústrias operam com materiais inflamáveis, pouca manutenção e ausência de treinamento, o que aumenta o risco de tragédias. O problema é que muitos gestores tratam a proteção contra incêndio como uma obrigação burocrática, e não como uma prioridade real de segurança.”
O estudo considera apenas os chamados incêndios estruturais, ou seja, aqueles que ocorrem em ambientes como fábricas, depósitos, hospitais, escolas e prédios públicos — locais onde os sistemas automáticos de combate ao fogo poderiam fazer a diferença. Incêndios residenciais não são contabilizados, pois a legislação não se aplica a residências unifamiliares, onde se concentra a maior parte dessas ocorrências.
Apesar de a legislação estadual sobre prevenção e combate a incêndios no Brasil ser considerada avançada — com destaque para a do estado de São Paulo — o desafio, segundo Lima, está na sua aplicação. Ele critica a ausência de critérios rigorosos sobre a qualidade dos equipamentos exigidos por lei. “Fora os extintores, não há exigência de certificação para os sistemas. Ou seja, é possível que estejam dentro da legalidade, mas falhem em um momento crítico, justamente durante o incêndio.”
Outro ponto sensível apontado pelo Instituto é a falta de dados oficiais sobre incêndios no Brasil. Para Lima, “sem estatísticas públicas e confiáveis, é difícil dimensionar a gravidade do problema e propor políticas eficazes de prevenção. Os Corpos de Bombeiros deveriam divulgar esses dados regularmente.”
Fonte: com informações do Instituto Sprinkler Brasil (ISB)
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