Por Antonio Penteado Mendonça*
Os acidentes de trânsito são responsáveis pela morte de milhões de pessoas ao redor do mundo. Grande produto de massa do século 20, os veículos se impuseram e se tornaram o objeto de consumo da sociedade. A partir daí, as cidades passaram a ser planejadas para eles, as rodovias redesenharam os mapas e a indústria automobilística se tornou o carro-chefe da economia e a grande contratadora de mão de obra, gerando milhões de empregos diretos e indiretos e impostos de todas as naturezas, que até hoje pagam as contas dos governos.
Com as mudanças climáticas e a necessidade de mudar as matrizes energéticas, era de se esperar uma queda na importância dos automóveis no mix econômico e na atenção da sociedade. Todavia, não é isso que se vê. Ao contrário, notícias, análises e discussões sobre os carros elétricos ocupam enorme espaço na mídia e fazem do assunto um gancho importante para vender notícias sobre o futuro da humanidade.
A contrapartida que ninguém gosta de colocar em destaque, mas que está aí desde a primeira metade do século passado, cobrando um preço absurdamente alto das sociedades e dos respectivos governos, são os acidentes de trânsito de todos as naturezas e tamanhos, que atingem diretamente milhões de famílias e custam uma fortuna para a Previdência Social de todos os países.
Por conta desse número, desde meados dos anos 1960, os países começaram a criar seguros obrigatórios para minimizar os custos dos acidentes de trânsito. De outro lado, a segurança dos veículos passou a receber cuidados especiais e as regras de trânsito passaram a ser mais rigorosas, no sentido de proteger motoristas, passageiros e pedestres.
Mas, quando parecia que o quadro poderia se equilibrar, a entrada em cena das motocicletas como veículos de massa voltou a aumentar o número de acidentes e de vítimas, sendo que, por conta das tipicidades do veículo, as mortes cresceram exponencialmente. E o quadro se agravou de novo com a entrada em cena dos celulares como objetos indispensáveis para a vida moderna.
Este quadro tragicamente desafiador precisa ser enfrentado com todas as ferramentas à disposição da sociedade para reduzir o alto número de vítimas dos acidentes de trânsito.
Entre as medidas com grande visibilidade merece destaque especial a escolha do mês de maio como o mês para a consciência no trânsito. Assim, nasceu o Maio Amarelo, com o objetivo de fazer as pessoas pensarem sobre a realidade das ruas e das estradas e suas consequências para a sociedade.
O Brasil tem perto de 400 mil vítimas de acidentes de trânsito todos os anos. Ao redor de 40 mil morrem e as outras adquirem algum grau de invalidez. É um número alto, que custa muito caro e atinge principalmente as pessoas mais pobres.
Importante lembrar que acabaram de votar o novo seguro obrigatório para acidentes de trânsito. Durante décadas, a sociedade brasileira teve a proteção de um seguro dessa natureza, mas ele foi desmontado. Agora, um novo seguro deve entrar em cena. Como a sua eficiência é bastante discutível, a melhor coisa que os brasileiros podem fazer é reduzir o número de acidentes.
* Antonio Penteado Mendonça é advogado e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. O artigo foi publicado no veículo em 20/05/2024
Cursos relacionados da Conhecer Seguros:
>> Seguros de Automóveis e RCFV
Veja também
>>> Seguro obrigatório voltará a ser pago em 2025
>>> Câmara aprova novas regras para o seguro obrigatório de veículos
>>> Índice de Preços do Seguro Automóvel (IPSA): seguro apresenta aumento de 3,6%